XIV Domingo do tempo comum - Ano C
“Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’.” Lc 10, 4
1. Porquê este manual? Porque sofremos de: sintomas de individualismo, apatia, falta de esperança, desencanto connosco próprios e com os outros, ideias de salvação como prémio que não se alcança ou é só para alguns “já santos”, espírito de clubismo, tentação de êxitos vistosos e de poder sobre os outros, desejo de fama pessoal, utilização de Deus em nosso favor, vivência da fé como rotina, esquecimento ou desconhecimento do amor abundante de Deus, vivência acrítica e fechada da fé, escrúpulos que atrofiam e culpas que matam, tristeza e abandono da comunidade.
2. Que é a missão? Mais do que uma ideia pontual é elemento essencial da opção cristã assumida no baptismo e renovada em cada domingo e todos os dias. É pessoal e comunitário e não individual ou solitário. É o amor abundante de Deus, que deseja chegar a todos, e conta com todos para irmos à sua frente. É anunciar a cada pessoa a Páscoa de Jesus Cristo, revelação plena de Deus que nos convoca a construir a vida na paz e no amor.
3. Quem faz missão e a quem se destina? Todo o cristão baptizado, que vive o amor a Cristo e à revelação do projecto de Salvação do Pai e do Espírito, e vive em comunidade, como dizia Madeleine Delbrel: “A missão não é facultativa. Os meios ateus (e indiferentes) em que vivemos impõem-nos uma escolha: missão ou demissão cristã”. O seu destino é a universalidade. É de todos e para todos, sem fronteiras nem limites.
4. Como se faz a missão? Ao jeito de Jesus: na paz, no serviço e na doação de vida. Com a mansidão do cordeiro, sem violência nem imposição, sem “lavagem cerebral” nem “escravidões espirituais”. Libertando, amando e servindo. Indo ao encontro de todas as pessoas em todas as realidades, humanas e desumanas, aceitando serenamente as rejeições e perseguições, oferecendo e não vendendo. Com palavras mas, acima de tudo, com a vida, ao jeito do mandato da ordenação dos diáconos (servidores): “Crê o que lês, ensina o que crês, e vive o que ensinas.”
5. Com que meios? Sem bolsa, nem alforge, nem sandálias, nem demoras no caminho. Mais importante do que os meios é o conteúdo da missão: Jesus Ressuscitado que vive em nós e bate à porta do coração de todos. O dinheiro e a riqueza corrompem se não são usados para a promoção da dignidade da vida humana e da criação; o alforge alicia a posse, as sandálias distraem do essencial, as demoras instalam a tibieza e a rotina.
6. Onde se faz a missão? Em todo o lado: casas, praças, cidades. Também onde houver recusa e obstáculos. Propondo, e não impondo.
7. E qual o seu fruto? A alegria. Nenhuma recompensa maior do que a alegria de “ter os nomes escritos no céu”.
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
Embora as leituras de hoje nos projectem em sentidos diversos, domina a temática do “envio”: na figura dos 72 discípulos do Evangelho, na figura do profeta anónimo que fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que os ama, ou na figura do apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz, somos convidados a tomar consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.
- É, sobretudo, no Evangelho que a temática do “envio” aparece mais desenvolvida. Os discípulos de Jesus são enviados ao mundo para continuar a obra libertadora que Jesus começou e para propor a Boa Nova do Reino aos homens de toda a terra, sem excepção; devem fazê-lo com urgência, com simplicidade e com amor. Na acção dos discípulos, torna-se realidade a vitória do Reino sobre tudo o que oprime e escraviza o homem.
- Na primeira leitura, apresenta-se a palavra de um profeta anónimo, enviado a proclamar o amor de pai e de mãe que Deus tem pelo seu Povo. O profeta é sempre um enviado que, em nome de Deus, consola os homens, liberta-os do medo e acena-lhes com a esperança do mundo novo que está para chegar.
- Na segunda leitura, o apóstolo Paulo deixa claro qual o caminho que o apóstolo deve percorrer: não o podem mover interesses de orgulho e de glória, mas apenas o testemunho da cruz – isto é, o testemunho desse Jesus, que amou radicalmente e fez da sua vida um dom a todos. Mesmo no sofrimento, o apóstolo tem de testemunhar, com a própria vida, o amor radical; é daí que nasce a vida nova do Homem Novo.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho