Solenidade de Pentecostes - Ano B

23-05-2021 07:49

 

"Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, epoisou ums sobre cada um deles."Act 2,3

 

 

Confesso a minha paixão pelos jacarandás de Lisboa,

que explodem em flores por esta altura do Pentecostes,

(ainda que alguns, irreverentes, o façam em tempos inesperados…),

e peço desde já perdão por compará-los às línguas de fogo,

do amor que nunca se apaga e da vida que venceu a morte,

poisadas sobre cada um dos amigos de Jesus

naquela primeira Páscoa.

Com que palavras se conta e canta este fogo?

Que não é vermelho nem laranja,

mas roxo, lilás, violeta, púrpura, magenta, anil, carmim e até índigo…

e torna azuis os olhos de quem se deixa incendiar?

Da flor à inflorescência,

das inflorescências à árvore,

de cada uma ao conjunto,

o pouco se torna muito,

e com solenidade e espanto

desce o céu à nossa terra.

Para o entendimento das línguas é preciso o banho da beleza,

olhos que escutam e ouvidos que vêm,

braços e mãos que se estendem,

sorrisos que nenhuma máscara pode ocultar,

todos no mesmo lugar, unidos e tão diferentes,

como uma flor é diferente da outra,

abertos, expectantes, disponíveis.

Viver à pressa é passar ao lado e não ir ter a lugar nenhum.

A subtilíssima explosão dos jacarandás, no Rossio, ao Marquês, na 24 de Julho,

por entre os prédios ou num pequeno jardim,

é surpreendente como o Espírito Santo, a abrasar a alma, a unir contrários,

a acender a luz, a animar e a consolar…e a tudo o mais que nos eleva e desinstala.

Podem as suas flores sujar as ruas, pintalgar os carros e dar trabalho aos varredores,

mas ficar indiferente ao seu grito de que o céu já habita dentro de nós,

é recusar viver de coração ardente. E não é que o roxo também é quente?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

  • O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
  • Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
  • Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.org

 

Pe. Vitor Gonçalves

Rádio Renascença