Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano A

22-11-2020 08:31

 

"Quantas vezes o fizeste a um dos meus irmãos mais pequeninos,

a Mim o fizestes’.

Mt 25, 40

 

 

Se nos fosse pedido uma síntese do Evangelho, de toda a Boa Nova de Jesus, o que diríamos? Certamente escolheríamos as Bem-aventuranças, ou o seu Mandamento novo, a Páscoa, e a Última (primeira) Ceia. No fundo, em cada gesto e palavra de Jesus encontramos a totalidade do amor de Deus a chegar até nós. E há 20 séculos que nós, cristãos, falamos do amor. Mas o decisivo não é simplesmente dizer e pensar, acreditar ou escrever. Não podemos ficar satisfeitos e tranquilos porque não fazemos a ninguém nenhum mal especialmente grave.

A terceira parábola de Mateus 25 mostra como a realeza de Jesus é desconcertante. Ao contrário dos reis humanos, que se distinguem dos súbditos e do povo, este rei identifica-se com os mais pequenos. É inútil procurar o Ressuscitado nas nuvens, no grandioso, pois a sua presença revela-se nos mais pobres, nos necessitados. É a compaixão concreta, a decisão em não deixar no mal e no sofrimento aqueles que não são estranhos mas irmãos, e é preciso cuidar e salvar. A fé cristã é mística e prática, secreta e visível, interior e eficaz. Não se pretende substituir a nenhum poder público, a nenhum governo, mas assume compromissos por cada homem e mulher concretos que necessitam sair do sofrimento. Porque nenhum sofrimento nos pode ser alheio, e a compaixão é o único modo de nos parecermos com Deus.

À semelhança das virgens insensatas, que não fizeram nada de mal mas não se precaveram com o azeite da alegria para o encontro com o esposo, e do servo que por medo e preguiça escondeu o talento e não o quis multiplicar, também ficarão surpreendidos aqueles que viram tantos sofredores e nada fizeram por eles. O pior é não fazer nada! Os que os aliviaram do sofrimento fizeram-no voluntariamente. Também não viram nem reconheceram Jesus neles. Agiram gratuitamente, sem ganhar dinheiro nem esperar recompensa. Encheram-se de compaixão e deixaram-se mover pelo amor. Dizia Leon Tolstoi: “Podem cortar-se árvores, fabricar tijolos e forjar ferro sem amor. Mas é preciso tratar com amor os seres humanos. Se não sentes afecto pelos homens, ocupa-te no que quiseres, mas não neles.”

A maior surpresa é essa: quando abandonamos um necessitado, abandonamos Deus, quando o aliviamos, é a Deus que aliviamos. São os gestos concretos, possíveis, ao nosso alcance que marcam a diferença. Diziam dois pobres à porta de uma igreja: “Falam tanto de nós, mas não vêm falar connosco!” Jesus pede-nos para não duvidarmos dos milagres que os mais pequenos gestos de amor a quem sofre, podem realizar.

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há-de vir.

  • A primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.
  • O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, o "rei" Jesus a interpelar os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios ficará à margem do Reino.
  • Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse "Reino de Deus" de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á em tudo e actuará como Senhor de todas as coisas (vers. 28).

Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.pt

 

 

Pe. Vitor Gonçalves

Rádio Renascença