Natal do Senhor - Ano A
“E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.” Jo 1, 14
Vieste até nós, Jesus, sem roupagens sumptuosas nem preparativos especiais.
Assumiste a simplicidade dos pobres. Nasceste nas periferias da cidade santa, numa família deslocada, na companhia de pastores e animais.
Poucos souberam do teu nascimento nesta noite. Pois os anjos ainda não usavam o Twitter, nem teus pais tinham Facebook para postar uma rosadinha foto tua.
Hoje encantamo-nos com luzes e prendas e o teu dia é anunciado com comercial antecedência.
Só que mal nos damos conta que nascemos contigo e o teu Natal tornou-se também o nosso.
(Se Deus nasceu como nós é possível esperar a surpresa de ver a morte vencida!)
E ainda que muitos ainda não te conheçam, o mundo acende luzes para iluminar as noites e tem sonhos de paz. Sonhamos em ser irmãos, mas falta sermos mais pobres uns dos outros.
Inspiraste cânticos e contos que falam do melhor que podemos ser, mas o silêncio e o assombro de te contemplarmos anuncia a maravilha de Deus próximo de nós.
Nunca antes nem depois se ouviu falar que Deus se deixou levar ao colo em braços humanos, tão connosco que te podemos acariciar e abraçar numa criança, num velhinho, ou num estranho.
Continuamos a pensar que a fé tem a ver com milagres e tu abriste-nos os olhos para o milagre de viver e cuidar da vida, de libertar e salvar o que deixamos perder, de abrir ao infinito estes apertados corações.
Que encanto vires bebé para livrares do ar aborrecido e sisudo, pavoneante e judicioso, triunfante e altivo dos funcionários da religião e dos triunfantes do poder!
Que assombro vires necessitado de nós e não das nossas coisas, amante da vida em abundância e não avarento da felicidade, sonhador de futuros e não saudoso de passados!
Que maravilha vires frágil e a amar as nossas fragilidades, possibilidades, contigo, de renovo e renascimento, para sermos também o natal de alguém em cada dia.
Vieste, Jesus e queremos tanto receber-te!
Pe. Vitor Gonçalves
A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus… Ele é a “Palavra” que Se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de “filhos de Deus”.
- A primeira leitura anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
- A segunda leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projecto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a “Palavra” de Deus que os homens devem escutar e acolher.
- O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/”Palavra” é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
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