IV Domingo do Advento - Ano A
“Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus” Mt 1, 21
Há uma simplicidade maravilhosa em torno de José no mistério do Natal. Os holofotes iluminam preferencialmente Maria e o Menino; os magos vêm “o menino com Maria, sua mãe”, e José parece ficar na sombra. É uma sombra cheia de ternura e confiança. Sente-se a sua presença como uma asa que protege, como uma mão que segura e guia a história do Senhor que entrou na história. Nazaré, Belém, Jerusalém, Egipto, e de novo Nazaré. Sobre os seus passos seguros caminham Maria e o Menino. E Jesus será também conhecido como “o filho do carpinteiro”!
A paternidade de José é tão igual à de todos os pais, sempre “um pouco de fora” do milagre de vida que cresce no seio das mães. Em segundo lugar nos primeiros estremecimentos com que agitamos o coração das nossas mães, a tentar acarinhar-nos e a fazer chegar as suas vozes de mais longe. Não é inveja dessa comunhão maternal, pois o silêncio amoroso dos primeiros tempos não impedirá a sementeira de palavras e gestos da vida toda. A última vez que o evangelho de Lucas nos fala de José diz que Jesus lhe era submisso, aprendendo como o silêncio pode ser tão cheio de entrega e amor.
Em muitos sonhos falara Deus anteriormente aos homens. E era preciso revelar a participação de José no maior milagre da história. Mais do que, para nós, Deus gosta de fazer maravilhas connosco. José tinha de entrar de corpo inteiro neste projecto. Como esposo e como pai. Amando Maria e dando ao menino o nome de Jesus, inserindo-o na história humana e na linhagem de David. Na surpresa de uma vida virada do avesso, onde a verdade do amor de Deus se revela maior que tudo, José irá ajudar a crescer Aquele que quis ser Emanuel, “Deus connosco”. Na tarde daquele dia, teria tido pensamentos como estes que o poeta J. M. Valverde imaginou? “Nunca sonhei com tanto. Bastavam-me / os meus dias de martelo, e os aromas / de madeira e serradura, e a minha Maria / entretida ao fundo com as suas coisas. / E se, um dia, o Messias levantasse / como um vento o país, eu teria estado / entre todos os seus, para a luta / obscura ou para súbdito. E pelo contrário / como um pedaço de monte desabado / o Senhor por minha casa, e cheia / de imensa felicidade a minha pequena / calma, a minha outra maneira de aguardá-lo.”
Nas sombras que Jesus, Menino e Deus connosco, quer encher de luz, venha até nós a calma de José. A serena confiança de que quando damos tudo a Deus, tudo correrá pelo melhor. A coragem de acolher a vida que vira do avesso os nossos projectos e alarga os horizontes do futuro. O silêncio de quem contempla e escuta, e aprende a entrelaçar as coisas humanas e as divinas. Como José, mesmo na sombra e no silêncio, os nossos gestos de amor levarão, luz, e as palavras, vida!
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia deste domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o "Deus-connosco", que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova.
- Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Jahwéh é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história... É n'Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança.
- O Evangelho apresenta Jesus como a incarnação viva desse "Deus connosco", que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.
- Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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