IV Domingo da Páscoa - Ano B
"Ninguém Ma tira (a vida), sou Eu que a dou espontaneamente.” Jo 10,17
Coincide este ano o Domingo do Bom Pastor com o 25 de abril, Dia da Liberdade. E é uma feliz coincidência para reflectir como a experiência da fé cristã e do mandamento do amor precisa ter por base a liberdade: de acreditar, de escolher, de seguir e de amar. Lembra-nos S. Paulo: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos sujeiteis outra vez ao jugo da escravidão” (Gal 5, 1). Na sua vida pública, Jesus sempre procurou libertar: da doença, do pecado, da religião condenatória, das falsas ideias sobre Deus e sobre o homem, do preconceito e do julgamento, do medo e da morte. Como não rejubilar por tudo o que liberta e responsabiliza a humanidade no seu crescimento? E conhecendo situações em que a vida é tirada, ganha uma força maior o “dar a vida” que Jesus repete, por cinco vezes, nas oito frases do evangelho de hoje!
Há experiências extremas de fragilidade, em que a vida é posta em causa, difíceis de descrever, e este tempo de pandemia tem-nos colocado no meio de muitas. Tanto mais que se conjuga o desejo de liberdade (de máscaras, de restrições, de confinamentos…) com a necessária responsabilidade que nos revela como “pastores” ou “mercenários” uns dos outros. Em muitos casos não se descobre como aconteceu o contágio. Mas sabemos como o podemos dificultar. E trata-se também de dar, ou não, vida! E quando acontece, confrontamo-nos com as nossas forças, com a fé ou a sua ausência, com a luta ou o desalento. É profundo o testemunho que o psiquiatra Daniel Sampaio partilha no “Expresso”: “Contactei com o desespero, eu que sou habitualmente uma pessoa calma. Foram momentos em que me encontrava desamparado e achava que me devia deixar morrer. Mas encontrei também em mim uma resistência que achava que não tinha. […] Fiz muitos balanços da minha vida e foram sempre positivos. Constatei que o mais importante que fiz foi ter constituído uma família. […] Eu tive uma boa carreira, mas, sem qualquer demagogia, o mais importante que construí foi a família.”
Podemos conjugar de muitos modos as imagens do “mercenário” e do “pastor”: um vive centrado em si e o outro volta-se para os outros; um foge nas dificuldades e o outro defende e protege; um serve-se e o outro procura servir; um quer acumular e o outro não desiste de dar; um deseja a glória pessoal e o outro promove o crescimento; um exalta-se e o outro apaga-se. Um e outro, habitam também em nós! Na mensagem que o Papa Francisco escreveu para este Dia Mundial de Oração pelas Vocações, é possível avaliar, à luz de S. José, como respondemos aos chamamentos que Deus nos faz. Com que liberdade e alegria “damos a vida”!
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
O 4º Domingo da Páscoa é considerado o "Domingo do Bom Pastor", pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como "Bom Pastor". É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
- O Evangelho apresenta Cristo como "o Pastor modelo", que ama de forma gratuita e desinteressada as suas ovelhas, até ser capaz de dar a vida por elas. As ovelhas sabem que podem confiar n'Ele de forma incondicional, pois Ele não busca o próprio bem, mas o bem do seu rebanho. O que é decisivo para pertencer ao rebanho de Jesus é a disponibilidade para "escutar" as propostas que Ele faz e segui-l'O no caminho do amor e da entrega.
- A primeira leitura afirma que Jesus é o único Salvador, já que "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos" (neste "Domingo do Bom Pastor" dizer que Jesus é o "único salvador" equivale a dizer que Ele é o único pastor que nos conduz em direcção à vida verdadeira). Lucas avisa-nos para não nos deixarmos iludir por outras figuras, por outros caminhos, por outras sugestões que nos apresentam propostas falsas de salvação.
- Na segunda leitura, o autor da primeira Carta de João convida-nos a contemplar o amor de Deus pelo homem. É porque nos ama com um "amor admirável" que Deus está apostado em levar-nos a superar a nossa condição de debilidade e de fragilidade. O objectivo de Deus é integrar-nos na sua família e tornar-nos "semelhantes" a Ele.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.pt
Rádio Renascença
Pe. Vitor Gonçalves