II Domingo do Advento - Ano A Imaculada Conceição

08-12-2019 08:49


“Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.” Lc 1, 38

 

 

Como no princípio, quando “Deus percorria o jardim pela brisa da tarde e o homem e sua mulher se esconderam do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim” (Gn 3, 8), continuamos a esconder-nos quando fazemos o mal. A fugir de nós mesmos, por medo, por vergonha, ou sem vergonha quando os culpados “são os outros”, e habilmente contornamos leis e valores. Sempre pela ânsia de poder, de sermos “deuses em lugar de Deus”, de ser ricos, de manipular a verdade. E lá tem Deus de andar à nossa procura e a chamar: “Onde estás? Porque te escondes de mim? Não tenhas medo, Eu quero que vivas, quero dar-te todo o amor”!

Não é esta a história da relação de Deus com a humanidade? Sempre o desejo do encontro; e tantos desencontros que provocamos! Às muitas vezes em que deixámos que Deus nos encontrasse, sucederam-se tantas outras em que nos escondemos. Até que nasceu Maria, mortal como todos nós, verdadeiramente humana, mas tão totalmente voltada para Deus que nem o pecado a desviou de estar totalmente disponível para o encontro. Não se esconde de Deus e oferece-se para que Ele se faça totalmente presente. Vai ser Mãe do Filho, tão anunciado e tão esperado. De Deus connosco, consubstancial com o Pai, Filho de Maria, consubstancial com a nossa natureza humana. Em nome da humanidade Maria responde: “Eis a serva do Senhor!” 

Há um mistério imenso de amor que acontece em Maria. José Luis Martín Descalzo, num poema, vislumbra-o: “Sei que a minha alma não é minha / e sei que Tu ma deste / tão estranhamente limpa / desde a sua origem. // Que nasceu das tuas mãos / directamente / sem passar um segundo / junto à morte. // Não fui eu quem a fez / tão límpida e clara. / Só o Imaculado / cria sem mancha. // Sei que Tu pelo mundo / me vais levando / e debaixo dos meus pés / vai a tua mão. // Tua mão que limpava / quanto me toca / pois a queres bem limpa / para a tua Hora. []. Nela se realizaram as maravilhas que Deus que realizar em nós e connosco. A sua fé ajuda a nossa fé, a sua esperança fortalece a nossa esperança, e o seu amor inspira-nos também a dizermos “Eis… Faça-se em mim”!

Quando vencemos o medo e a tristeza que o mal semeiam em nós, e estamos presentes para o encontro, Deus pode contar connosco. Quando damos tudo, os milagres podem acontecer. Quando nos descobrimos pobres, Deus pode enriquecer-nos. Quando deixamos de viver centrados em nós e nos abrimos a um projecto maior, Deus pode fazer novas todas as coisas. Não vemos o que perdemos de tanto escondermo-nos de Deus?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

Na Solenidade da Imaculada Conceição somos convidados a equacionar o tipo de resposta que damos aos desafios de Deus. Ao propor-nos o exemplo de Maria de Nazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com um coração aberto e disponível, os planos de Deus para nós e para o mundo.

  • A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projeto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher, um projeto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projeto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
  • A primeira leitura mostra, recorrendo à história mítica de Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos caminhos de egoísmo, de orgulho e de autossuficiência... Viver à margem de Deus leva, inevitavelmente, a trilhar caminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidade e de morte.
  • O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao plano de Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou o orgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiu conformar a sua vida, de forma total e radical, com os planos de Deus. Do seu "sim" total, resultou salvação e vida plena para ela e para o mundo.
     
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