Festa do Baptismo do Senhor - Ano C

09-01-2022 08:33

"Do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado:

em Ti pus toda a minha complacência»." Lc 3, 22

 

 

Arrumamos com cuidado o presépio, já não assinalamos na agenda as datas especiais e aniversários, pois as agendas electrónicas já o fazem sozinhas, e entramos no novo ano com a persistente luta de prevenção e responsabilidade contra o Covid-19. Do presépio onde vimos Jesus menino adorado pelos Magos saltamos com Ele para as águas do Jordão do seu baptismo. Como quase todos nós, ainda mal entrados na vida, logo a ser mergulhados na abundância de um amor imenso. E tantas vezes julgamos que isso foi há tanto tempo! Que do baptismo apenas ficaram as fotografias, a vela e o vestido! E não foi esse acontecimento a verdadeira entrada na vida de Deus, como Jesus, O Filho, entrou na nossa?

Os céus que se abrem e a voz que se faz ouvir marcam o início da missão de Jesus. Sim, doravante o céu ficou “escancarado” para sempre e Deus caminha ao nosso lado. Sabemos que é a voz do Pai, que sempre fala pelo Filho, o Verbo feito carne. E o que disse a Jesus, em três palavras apenas, não é o que continua a dizer a cada um de nós no nosso baptismo?

Filho é a primeira palavra. Não somos órfãos nem nascemos do nada. Já tínhamos pais, mãos carinhosas para cuidar e corações aos saltos para nos proteger, nome e árvore genealógica, e acrescenta-se a tudo isso a relação viva com o Senhor da Vida, a ousadia de realizar o seu sonho de um mundo de irmãos, o dom de dar vida em tudo o que fizermos. Começou em Jesus e continua em mim e em ti. E tantos passos de Jesus se aplicam aos nossos passos de filhos também! Quando seremos capazes de Lhe chamar de todo o coração “Pai”?

“Amado” é a segunda palavra. Assim, sem nada ter feito senão ter nascido e estar a crescer. Amado antes de entender o que isso é (algum dia o entenderemos em verdade?). Muito amado, quer dizer, todo e em tudo, sem contra-pagamento nem favor. Porque sim, como se mergulhássemos num oceano de amor, e ele nos rodeasse e envolvesse. Como no pequenino oceano do seio das nossas mães! Amado sempre, e em tudo o que fizermos, luminoso ou tenebroso, antes e depois, amor total que pede um coração aberto para acolher o máximo. Amor que só depende de Deus. Amor de braços sempre abertos como os Jesus na cruz. Quantas vezes acreditamos nesse amor maior do que tudo o que nos acontece?

A terceira palavra é “complacência”. É com-prazer, satisfação e prazer que se vive na comunhão. Deus alegra-se com cada um dos seus filhos, vibra de encanto connosco, exulta, faz festa em estar connosco. Talvez a festa para muitos tenha sido só a festinha do baptizado, mas a verdadeira está a fazer-se todos os dias. Ainda que a fé, as celebrações, as orações, as catequeses, e até a teologia pareçam ter pouca festa, talvez isso dependa mais de nós do que de Deus. Onde Ele está não é já uma festa? Alguma vez pensámos que a nossa vida faz Deus louco de alegria? É loucura, não é?

Tudo isto começou no nosso baptismo! E não se gasta nem se esgota, pois, a vida com Jesus Cristo e como Ele nos ensinou a viver, é fonte fresca e cristalina que não seca!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No Baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Jesus fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado, empenhou-Se em promover-nos para que pudéssemos chegar à vida plena.

  • A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Animado pelo Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus.
  • No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética veiculada pela primeira leitura: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito, e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
  • A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.

Grupo Dinamizador:

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

 

Rádio renascença

Pe. Vitor Gonçalves