Domingo de Páscoa - Ano B
“Viu e acreditou.” Jo 20, 8
Viu e acreditou.
Viu o sepulcro vazio e acreditou que Deus tinha enchido toda a vida de esperança.
Viu os panos que tinham envolvido o corpo de Jesus,
e acreditou que Deus tinha retirado todos os véus
que impedem de O vermos, face a face, no rosto dos irmãos.
Vemos quanto a vida é, tantas vezes, mal-amada,
e acreditamos que o Ressuscitado a abraça e lhe dá plenitude.
Vemos multidões que sofrem e pessoas com nome que desesperam,
e acreditamos que o Ressuscitado continua neles em paixão,
sem desistir de nos ressuscitar para o amor que tudo transforma.
Vemos o escândalo e a indiferença de ricos e poderosos,
e acreditamos que o Ressuscitado enxugará todas as lágrimas,
mas conta connosco para vencermos o mal que aprisiona os corações.
Vemos a embriaguez do consumo e a alienação da técnica
e acreditamos que o Ressuscitado vem ao espírito de todos,
para ensinar a felicidade das bem-aventuranças.
Vemos a generosidade dos que amam e servem com alegria,
e acreditamos que o Ressuscitado nos recorda como o Pai não desiste de ninguém.
Vemos a maravilha de inventores e criadores de beleza,
e acreditamos que o Ressuscitado leva o fogo do Espírito onde ainda é noite e faz frio.
Vemos os lentos passos para a justiça e para a paz,
e acreditamos que o Ressuscitado multiplica o nosso dom total.
Vemos, e precisamos ver melhor: ao longe e ao perto, o visível e o invisível,
uns com os outros, na humildade de procurar ver como Deus vê.
Para vencer o mal e o sofrimento!
Acreditamos, e precisamos acreditar melhor: sem fundamentalismos nem oportunismos,
uns com os outros, não em ideias, mas no Deus Amor que Jesus nos revela.
Para ressuscitarmos em cada dia!
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.
- A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.
- O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem, nunca, ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).
- A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).
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