Ascensão do Senhor - Ano A

21-05-2023 08:09

 

 

“Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra.

Ide e ensinai todas as nações.” Mt 28, 18-19a

 

Tudo está na Páscoa de Jesus”, dizia deslumbrado um adulto baptizado na Vigília Pascal. E aquele “tudo” tinha o sabor do abraço e da expansão que a vida abundante de Cristo Ressuscitado trouxe ao mundo. Pois estes cinquenta dias (quarenta até agora, como símbolo da preparação dos discípulos para a missão), não são uma questão de tempo nem de lugar, mas de um modo novo de existência. Ressuscitar, “subir ao Céu”, enviar o Espírito é tudo Páscoa.

Se foi dado a Jesus “todo o poder no Céu e na terra” qual o sentido de enviar os Apóstolos (e, com eles, todos nós) para “ir e ensinar todas as nações”? Que “poder” é este, manifestado no serviço e na dádiva de vida, que compromete tudo o que somos e temos, nos responsabiliza e faz participar da alegria de renovar todas as coisas? É o poder que ama e põe todos a colaborar. Porque com todos é muito melhor. E Jesus veio como Emanuel (Deus connosco) para estar sempre connosco. Não acima de nós, fora de nós, ao lado de nós ou, até, sem nós. Assim começa e termina o evangelho de Mateus!

A “subida de Jesus ao Céu” cedo foi entendida, pelos que trabalham a terra e nela derramam o suor na esperança dos frutos, como bênção para as colheitas. No fundo, é o Céu que desce à terra em forma de sol, chuva, graças e forças para que a terra nos alimente e o trabalho contribua para a paz e a felicidade de todos. Como não lembrar tantas vilas, aldeias e cidades do nosso país que ainda celebram a festa da “Quinta feira da Ascensão”, com tanta ligação às actividades primárias de cultivo e pastoreio, e a súplica por tempos favoráveis e agradecimento pelos bens tão essenciais? E que tal pensar que, juntamente com as bênçãos de Deus é urgente a responsabilidade de cuidar da criação, de resistir à ganância e ao desperdício, de lembrar que o tudo da terra não é só de alguns, mas de todos?

Proposto pelo Concílio Vaticano II e instituído em 1967 pelo Papa S. Paulo VI, celebramos na Ascensão o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para usarmos, então, todos os “meios” ao serviço do “tudo” que Jesus nos deu como Boa Nova para libertar e salvar. E cada ano, uma palavra iluminadora de cada Papa tem marcado este dia. A deste ano, que o Papa Francisco nos oferece, intitula-se: “Falar com o coração. ‘Testemunhando a verdade no amor’ (Ef 4, 15)”. Pensamos nos jornalistas e em todos os agentes de comunicação, nos desafios de procurar e transmitir a verdade, mas reconheçamos que todos somos agentes de “uma comunicação que coloque no centro a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado, e esteja mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial.” Para que Deus seja “tudo em todos”!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

  • O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d'Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do "Reino".
  • Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus - a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.
  • A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos - membros do mesmo "corpo" - e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho