6º Domingo de Páscoa Ano B

06-05-2018 09:37

 

 

“O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.”  Jo 15, 17

 

 

Se nos perguntassem “o que faz falta…, a mim, e ao mundo”, as primeiras respostas seriam tão diversas quanto as pessoas questionadas. Se a pergunta fosse repetida, depois de cada resposta dada, certamente encontraríamos muitas respostas comuns, quando não mesmo duas ou três “faltas” fundamentais. Porque o que é mesmo essencial na vida é comum para todos!

As listas de mandamentos e preceitos das religiões lembram um pouco o processo de crescer e educar. Também os pais vão educando os filhos a partir de uma série de indicações e valores, inicialmente impostos como proibições e obrigações, bases para uma consciência e personalidade próprias, capaz de realizar escolhas e assumir consequências. É um acto de amor firme, tão importante para o futuro. Mas sem um processo de síntese, não há crescimento e cai-se no escrúpulo ou no desleixo. Até os mandamentos de Israel, desde o Decálogo, as “dez palavras” dadas por Deus a Moisés, até às 613 prescrições elaboradas pelos rabinos, tornando quase impossível a sua observância, irão desembocar numa posição nova que Jesus vai assumir. 

“O que faltava” era ir ao essencial. Assim, Jesus, não escondendo o “peso” insuportável desses preceitos e a deformação da imagem de Deus que geravam, irá resumi-los a seis (que regulavam a relação entre as pessoas) e depois a dois, o amor de Deus e do próximo (Mt 22, 38-39). Mas não ficará por aqui, e nas últimas palavras indicará apenas um: “que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo 13, 34). Se o único mandamento é “amar como” Jesus, então as “listas de bom comportamento”, as “condenações imediatas”, os “méritos dos cumpridores”, a “soberba dos que se julgam mais perto de Deus” são relativizadas. A cruz indica o lugar do homem: de pé diante de Deus, com os braços abertos para os outros. Pois “amar como Jesus” é mais forte que todos os medos, e é criativo, corajoso, alegre, fecundo, expansivo. O importante é, afinal, tão simples! E tão transformador também!

É importante procurarmos e reflectirmos sobre o que “nos faz falta”. Na Igreja e no mundo. E encontraremos necessidades importantes de justiça e verdade, de paz e diálogo, de trabalho e lazer, de saúde para todos, de educação e vida digna. E também a falta de melhores “amigos de Jesus”, a viver mais do seu amor do que do peso de ritos e tradições, mais semeadores do que guardiões, mais alegres do que sorumbáticos. Porque o amor é a forma e o conteúdo da transformação, só à maneira de Jesus, amando as pessoas na realidade em que vivem, e contando com todos para a mudança, é possível fazer melhor. E havendo mais amor, faltará cada vez menos… tudo!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e dia a dia tornado presente na vida dos homens por acção dos discípulos de Jesus.

  • A segunda leitura apresenta uma das mais profundas e completas definições de Deus: “Deus é amor”. A vinda de Jesus ao encontro dos homens e a sua morte na cruz revelam a grandeza do amor de Deus pelos homens. Ser “filho de Deus” e “conhecer a Deus” é deixar-se envolver por este dinamismo de amor e amar os irmãos.
  • No Evangelho, Jesus define as coordenadas do “caminho” que os seus discípulos devem percorrer, ao longo da sua marcha pela história… Eles são os “amigos” a quem Jesus revelou o amor do Pai; a sua missão é testemunhar o amor de Deus no meio dos homens. Através desse testemunho, concretiza-se o projecto salvador de Deus e nasce o Homem Novo.
  • A primeira leitura afirma que essa salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo, e levada ao mundo pelos discípulos, se destina a todos os homens e mulheres, sem excepção. Para Deus, o que é decisivo não é a pertença a uma raça ou a um determinado grupo social, mas sim a disponibilidade para acolher a oferta que Ele faz.

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