34º Domingo do Tempo Comum - Ano A
“Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.” Mt 25, 40
Não conheço quem goste de exames. Sejam exames escolares ou exames médicos, o coração bate mais acelerado e ficamos à mercê de um juízo que não dominamos. Ainda que sejam para testar conhecimentos e capacidades ou avaliar o estado da saúde, há sempre o perigo de “chumbarmos”. Mas não conhecemos nem progredimos sem avaliar o que aprendemos e fizemos, sem enfrentar a realidade e procurar novos caminhos. Do exame de consciência ao juízo final, o melhor mesmo é “fazermo-nos amigos” das avaliações e, sem medo, descobrir a sua força de renovação e de esperança.
É surpreendente o relato que Jesus faz aos discípulos de “quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus anjos” (Mt 25, 31). Não pela sua entronização de rei e a imagem de bom pastor que separa ovelhas e cabras, mas pelos argumentos do julgamento, por dar as respostas à pergunta que todos fazem. A surpresa começa pela ausência dos habituais critérios “religiosos” que pareceriam ser os mais importantes Deus avaliar. O que valem as orações, as promessas, as celebrações, os sacrifícios, as adorações, as festas religiosas, as obrigações devidas a Deus que “mostram” como somos religiosos e “cheios” de fé? O verdadeiramente importante é o que se fez pelos famintos, pelos sedentos, pelos estrangeiros, pelos nus, pelos doentes, pelos presos, pelos “irmãos mais pequeninos”! É a vitória do amor sobre a indiferença, da responsabilidade sobre a preguiça. O caminho da felicidade é responder ao sofrimento humano com vida oferecida em abundância!
Mas a surpresa é ainda maior quando o rei-juiz, responde a uns e outros, que Ele se identifica com cada um desses pequeninos! Desmoronam-se os “edifícios teológicos e religiosos” do “Deus-acima-de-nós”, e da religião só das “coisas religiosas”. Não O reconhecendo, uns amaram e outros passaram indiferentes. Uns multiplicaram o que receberam, outros enterraram-no no egoísmo de um coração estreito. Se, como dizia S. João da Cruz, “ao entardecer da vida seremos julgados pelo amor”, (o amor que vivemos e o amor que Deus é!), é bom alargar o coração e o pensamento a surpresas deste calibre!
O culto, a oração, os sinais religiosos, o louvor a Deus, ou levam a crescer no amor que Deus é e se oferece a quem sofre, ou são tesouro que se enterra e nos enterra! Surpreende que ninguém tenha feito o bem por ter reconhecido Jesus, e escandaliza que, reconhecendo-O, não o façamos. Mas, se todo o exame tem em vista um futuro novo e melhor, que não seja só prolongamento do passado, é possível surpreendermos! Quem são os meus irmãos mais pequeninos?
Pe. Vitor Gonçalves,
in Voz da Verdade
No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há-de vir.
- A primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.
- O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, o “rei” Jesus a interpelar os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios ficará à margem do Reino.
- Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse “Reino de Deus” de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á em tudo e actuará como Senhor de todas as coisas (vers. 28).
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