3º Domingo do Advento - Ano B

13-12-2020 08:49

 

 

 

"No meio de vós está Alguém que não conheceis." Mac 1,27

 

Se é verdade que João Baptista não seria um imediato exemplo de alegria pela austeridade da sua vida e a força interpeladora das suas palavras, importa lembrar o salto de felicidade que deu no seio de sua mãe, Isabel. Aí ele foi a humanidade inteira a alegrar-se com a vinda do Salvador, por dentro da nossa carne. É por dentro de nós que as verdadeiras alegrias acontecem, como uma germinação interior. Pois é sempre do interior que o Verbo incarnado actua, na nossa condição e com os nossos limites. A alegria de João Baptista é a de que Cristo cresça e ele diminua, que ele fique na margem e Cristo no meio e dentro de nós. E aí, verdadeiramente acessível a todos, fazer a transformação do nosso mundo. 

O que esperamos verdadeiramente deste Natal? A graça de um renovamento na nossa relação com Deus e com os outros, de um recomeço iluminado pela experiência e pela descoberta do seu amor, ou que seja “mágico”, e conforte e tranquilize nos nossos desejos de ter e parecer? Por isso o desejo de ser igualzinho aos anos anteriores, quando a urgência de conter a pandemia nos pede que seja diferente. Queremos a mudança por fora sem assumir a mudança por dentro? Até que ponto não continua no meio de nós “Aquele que não conhecemos”? João Baptista desvia de si as atenções, dos títulos que lhe poderiam atribuir: ele “não é” o Messias, nem Elias, nem o Profeta, nem a Luz de que é reflexo. É simplesmente Voz, conjunto de sons para que a Palavra que é Cristo chegue a todos. Em que vozes chegou até nós o conhecimento de Jesus? E pela nossa voz, chegará a alguém?   

Corro agora o risco daquele pregador que em sermão da quaresma sobre a confissão, em dia de S. José, começava assim: “S. José era carpinteiro… Fazia móveis de madeira… De madeira são os confessionários… Terá feito algum… Falemos da confissão!” Vem S. José a propósito pela Carta Apóstólica “Patris Corde”, do Papa Francisco, por ocasião do 150.º aniversário da declaração de S. José como padroeiro da Igreja universal. E se João Baptista é Voz, de S. José não nos chegou nenhuma palavra. Mas os relatos de Mateus e Lucas revelam-nos imensos gestos que nos ajudam a compreender a sua paternidade e a sua missão. Revela-se também o coração do Papa Francisco que deseja que aumentemos “o amor por este grande santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.” Partilha connosco uma oração a S. José que faz, diariamente, há mais de quarenta anos. 

Nas características do “coração de pai” que o Papa Francisco nos apresenta em S. José podemos assumir também a paternidade que é “a responsabilidade pela vida de outrem”. Como Jesus recebeu de José, somos convidados a redescobrir a ternura de Deus, a alegria da obediência, a humildade do acolhimento, a coragem criativa, o valor do trabalho, e a confiança de ficar na sombra. Para conheceremos melhor Aquele que está no meio de nós, no rosto de pais, irmãos e amigos! 

Pe. Vitor Gonçalves 

in Voz da Verdade

 

 

As leituras do 3º Domingo do Advento garantem-nos que Deus tem um projecto de salvação e de vida plena para propor aos homens e para os fazer passar das "trevas" à "luz".

  • Na primeira leitura, um profeta pós-exílico apresenta-se aos habitantes de Jerusalém com uma "boa nova" de Deus. A missão deste "profeta", ungido pelo Espírito, é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos "pobres".
  • O Evangelho apresenta-nos João Baptista, a "voz" que prepara os homens para acolher Jesus, a "luz" do mundo. O objectivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a "conhecer" Jesus, "aquele" que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.
  • Na segunda leitura Paulo explica aos cristãos da comunidade de Tessalónica a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem... Paulo pede-lhes que sejam uma comunidade "santa" e irrepreensível, isto é, que vivam alegres, em atitude de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus.

Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.pt

 

 

Pe. Vitor Gonçalves

Rádio Renascença