2º Domingo do Tempo Comum - Ano B

14-01-2018 09:19

 

 

 

 

“Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?»” Jo 1, 38

 

Para o evangelista S. João, as primeiras palavras de Jesus foram uma pergunta: “Que procurais”? E se ela foi dirigida a dois discípulos de João Baptista que o seguiam, o seu alcance alarga-se a todas as pessoas e a todo o tempo. Não é a pergunta decisiva da nossa existência? O que procuramos verdadeiramente? Qual o sentido dos nossos passos e das obras das nossas mãos? E a resposta daqueles dois, talvez assustados, marca logo uma diferença: não procuram “coisas”, nem sequer ideias. Chamam-lhe “Mestre” como se já fossem seus discípulos e perguntam-lhe “onde moras” com o desejo de o conhecer, de partilhar a sua vida e a sua acção. A “casa” de Jesus é a vida nova e renovadora do amor de Deus que Ele oferece respondendo “Vinde ver”!

São incontáveis as procuras humanas: riqueza, sabedoria, poder, fraternidade, justiça, paz, glória. Muitos desejam acumular coisas, outros enriquecer-se com experiências, outros ainda procuram o melhor para os que os rodeiam, alguns procuram escapar da doença e do medo, e até há quem já não procura nada. Mas quando fica o nosso coração satisfeito? Tanto mais que, muito do que encontramos, e do que julgamos possuir, também vamos perdendo?! A sede de infinito que nos habita, mesmo quando a negamos e de tudo nos desligamos, não destrói esta humana condição de buscadores. Talvez seja como Santo Agostinho escreveu: “Tu nos fizeste para ti, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti.” 

Mas como procuraríamos Deus se Ele não nos procurasse primeiro? Não é assim desde aquele “desencontro” no jardim do Paraíso, quando o primeiro homem e a primeira mulher se esconderam ao ouvir os passos de Deus, que vinha para o passeio da tarde? Também era o final da tarde quando André e o discípulo sem nome foram ver onde “morava” Jesus. E caía o dia daquela Pascoa, quando Cléofas e outro discípulo regressavam desalentados a Emaús, tristes por terem visto morrer Jesus e o sonho de um reino novo. Sempre dois a fazer a experiência do encontro luminoso e transformador com Jesus. Porque a graça e a festa são para partilhar e difundir a todos. André vai levar o irmão Pedro a Jesus, e Filipe levará Natanael. Será que o discípulo sem nome pode ter todos os nomes do mundo?

Procurar implica movimento, saída do conforto e da segurança, risco e audácia. João Baptista fica parado quando indica Jesus a passar. É condição do discípulo de Jesus segui-l’O, e segue quem caminha. As tentativas de cristalizar fé e costumes, de tornar definitivo o que é provisório, não impediram Deus de “escapar” por entre as “grades”, em que O imaginámos ter a abençoar as nossas construções. O “vinde e vede” desinstala e desacomoda, recria e oferece a vida nova com Jesus, que se revela na alegria de levar outros a Ele. Não será esse o grande sinal do encontro?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a disponibilidade para acolher os desafios de Deus e para seguir Jesus.

  • A primeira leitura apresenta-nos a história do chamamento de Samuel. O autor desta reflexão deixa claro que o chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, o qual vem ao encontro do homem e chama-o pelo nome. Ao homem é pedido que se coloque numa atitude de total disponibilidade para escutar a voz e os desafios de Deus.
  • O Evangelho descreve o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos. Quem é “discípulo” de Jesus? Quem pode integrar a comunidade de Jesus? Na perspectiva de João, o discípulo é aquele que é capaz de reconhecer no Cristo que passa o Messias libertador, que está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de testemunhar Jesus e de anunciá-l’O aos outros irmãos.
  • Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. No crente que vive em comunhão com Cristo deve manifestar-se sempre a vida nova de Deus. Aplicado ao domínio da vivência da sexualidade – um dos campos onde as falhas dos cristãos de Corinto eram mais notórias – isto significa que certas atitudes e hábitos desordenados devem ser totalmente banidos da vida do cristão.

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