4º Domingo do Tempo de Advento - Ano C

19-12-2021 08:16

Odres Nuevos IV Domingo de Adviento 2021-

 

"Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá". Lc 1, 39

 

Eu sou o burrinho que levou Maria (e o Deus Menino no seu seio)

até à casa da sua prima Isabel, que de tão avançada idade esperava também um filho.

É verdade que nem eu, nem José, somos referidos por Lucas no seu evangelho,

mas todos os artistas nos convocaram para tão bendita viagem:

ia lá agora Deus deixar ir sozinha a mãe do seu Divino Filho,

por aqueles montes e vales, e tão apressadamente como ela desejava ir?

Foi José que me veio buscar ainda o sol não tinha nascido,

e me confidenciou o desejo de Maria em fazer aquela viagem.

Fiquei todo contente, e ainda mais quando ele me disse que ela esperava um bebé,

que havia de ser a alegria para todo o mundo.

Não imaginam a leveza de Maria sobre o meu dorso;

nem sei bem se era eu que a levava ou se me levava ela (e o seu Menino)

por aqueles caminhos que me pareceram tão suaves.

De ternura e cuidado eram as poucas palavras de José,

e Maria encantada, e cantando por vezes, antecipava a alegria do encontro,

como se Deus o desejasse também desde o princípio dos tempos.

Não serei o melhor cronista desta viagem,

mas não consigo calar a emoção daquele encontro das duas mães:

uma, de muitos anos, cujo seio estéril tinha florescido,

outra, jovem, em cujo seio virginal Deus tinha encarnado;

a primeira, como o resto fiel do povo da Aliança,

a segunda, como a primeira da nova humanidade;

e no seio de Isabel o precursor do Messias a saltar de alegria

ao reconhecer a vinda do seu Senhor no seio de Maria.

Zacarias e José a tudo assistiam com discrição e espanto,

e eu pus-me a zurrar de contentamento.

Tudo pareceu rápido e eterno.

As palavras de Isabel a saudarem Maria, com o sabor fresco das Escrituras,

naquele elogio que se ouviria ao longo dos tempos;

e as palavras de Maria a cantar as maravilhas de Deus,

com o sabor antecipado dos milagres de seu Filho,

os que Ele faria e os que iria ensinar-nos a fazer,

e tudo a entrar também pelas minhas orelhas de burro

que me dava ganas de dançar.

E o mais, que vos conte o Espírito Santo!

Pe. Vitor Gonçalves 

Voz da Verdade

 

Nestes últimos dias antes do Natal, a mensagem fundamental da Palavra de Deus gira à volta da definição da missão de Jesus: propor um projecto de salvação e de libertação que leve os homens à descoberta da verdadeira felicidade. 

  • O Evangelho sugere que esse projecto de Deus tem um rosto: Jesus de Nazaré veio ao encontro dos homens para apresentar aos prisioneiros e aos que jazem na escravidão uma proposta de vida e de liberdade. Ele propõe um mundo novo, onde os marginalizados e oprimidos têm lugar e onde os que sofrem encontram a dignidade e a felicidade. Este é um anúncio de alegria e de salvação, que faz rejubilar todos os que reconhecem em Jesus a proposta libertadora que Deus lhes faz. Essa proposta chega, tantas vezes, através dos limites e da fragilidade dos “instrumentos” humanos de Deus; mas é sempre uma proposta que tem o selo e a força de Deus. 
  • A primeira leitura sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente de David, veio propor é um dom do amor de Deus. O nome de Jesus é “a Paz”: Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens. 
  • A segunda leitura sugere que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num “sim” total ao projecto de Deus.

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

 

Rádio Renascença

Pe. Vitor Gonçalves