4º Domingo do Tempo de Advento - Ano C
"Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá". Lc 1, 39
Eu sou o burrinho que levou Maria (e o Deus Menino no seu seio)
até à casa da sua prima Isabel, que de tão avançada idade esperava também um filho.
É verdade que nem eu, nem José, somos referidos por Lucas no seu evangelho,
mas todos os artistas nos convocaram para tão bendita viagem:
ia lá agora Deus deixar ir sozinha a mãe do seu Divino Filho,
por aqueles montes e vales, e tão apressadamente como ela desejava ir?
Foi José que me veio buscar ainda o sol não tinha nascido,
e me confidenciou o desejo de Maria em fazer aquela viagem.
Fiquei todo contente, e ainda mais quando ele me disse que ela esperava um bebé,
que havia de ser a alegria para todo o mundo.
Não imaginam a leveza de Maria sobre o meu dorso;
nem sei bem se era eu que a levava ou se me levava ela (e o seu Menino)
por aqueles caminhos que me pareceram tão suaves.
De ternura e cuidado eram as poucas palavras de José,
e Maria encantada, e cantando por vezes, antecipava a alegria do encontro,
como se Deus o desejasse também desde o princípio dos tempos.
Não serei o melhor cronista desta viagem,
mas não consigo calar a emoção daquele encontro das duas mães:
uma, de muitos anos, cujo seio estéril tinha florescido,
outra, jovem, em cujo seio virginal Deus tinha encarnado;
a primeira, como o resto fiel do povo da Aliança,
a segunda, como a primeira da nova humanidade;
e no seio de Isabel o precursor do Messias a saltar de alegria
ao reconhecer a vinda do seu Senhor no seio de Maria.
Zacarias e José a tudo assistiam com discrição e espanto,
e eu pus-me a zurrar de contentamento.
Tudo pareceu rápido e eterno.
As palavras de Isabel a saudarem Maria, com o sabor fresco das Escrituras,
naquele elogio que se ouviria ao longo dos tempos;
e as palavras de Maria a cantar as maravilhas de Deus,
com o sabor antecipado dos milagres de seu Filho,
os que Ele faria e os que iria ensinar-nos a fazer,
e tudo a entrar também pelas minhas orelhas de burro
que me dava ganas de dançar.
E o mais, que vos conte o Espírito Santo!
Pe. Vitor Gonçalves
Voz da Verdade
Nestes últimos dias antes do Natal, a mensagem fundamental da Palavra de Deus gira à volta da definição da missão de Jesus: propor um projecto de salvação e de libertação que leve os homens à descoberta da verdadeira felicidade.
- O Evangelho sugere que esse projecto de Deus tem um rosto: Jesus de Nazaré veio ao encontro dos homens para apresentar aos prisioneiros e aos que jazem na escravidão uma proposta de vida e de liberdade. Ele propõe um mundo novo, onde os marginalizados e oprimidos têm lugar e onde os que sofrem encontram a dignidade e a felicidade. Este é um anúncio de alegria e de salvação, que faz rejubilar todos os que reconhecem em Jesus a proposta libertadora que Deus lhes faz. Essa proposta chega, tantas vezes, através dos limites e da fragilidade dos “instrumentos” humanos de Deus; mas é sempre uma proposta que tem o selo e a força de Deus.
- A primeira leitura sugere que este mundo novo que Jesus, o descendente de David, veio propor é um dom do amor de Deus. O nome de Jesus é “a Paz”: Ele veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força das armas, mas construído e acolhido nos corações dos homens.
- A segunda leitura sugere que a missão libertadora de Jesus visa o estabelecimento de uma relação de comunhão e de proximidade entre Deus e os homens. É necessário que os homens acolham esta proposta com disponibilidade e obediência – à imagem de Jesus Cristo – num “sim” total ao projecto de Deus.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
Rádio Renascença
Pe. Vitor Gonçalves