33º Domingo do Tempo Comum - Ano B

14-11-2021 08:10

"Hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens

com grande poder e glória"

Mc 13, 26

 

Termina assim o Credo: “Espero… a vida do mundo que há-de vir.” Quantas vezes o dizemos quase sem pensar?! Que vida é essa, e que mundo virá, senão aquele que já veio com a ressurreição de Jesus? Somos os actores já desse mundo novo, desse Reino à nossa porta. Mas saberemos reconhecê-lo? E se olhássemos para nós e ao nosso redor para as sementes do Evangelho que nos comprometem a torná-lo mais presente? Quais as folhas de figueira que nos anunciam a sua proximidade e nos convidam a ler com os olhos de Deus os acontecimentos?

A atitude pessoal diante dos acontecimentos é o grande segredo da acção. O que para uns é obstáculo, para outros é oportunidade, o “fim do mundo” pode ser “princípio de algo novo”, o erro e a derrota podem ser aprendizagem e sabedoria, e a noite mais escura também acaba com a aurora de um dia novo! O pior mesmo é ficar tolhido pelo medo, agarrado ao comodismo de um “bem-estar” que impede o crescimento, desejando “ser Deus” para fazer com que tudo “corra bem”!  Diante do que é difícil, e mesmo daquilo que não entendemos, levantamos a cabeça para ver os sinais do Filho do homem que se aproxima, ou baixamos o olhar e desesperamos?

Os textos do final do ano litúrgico que falam do “fim do mundo” não são argumentos para nenhuma espécie de medo ou descrição antecipada do “the end” da história. Interpelam-nos sobre o nosso viver neste mundo. Jesus não incute medo, antes consola e propaga esperança. A sua vitória sobre a morte inaugura o mundo novo. O apego ao provisório, a sedução das coisas, a prisão do egoísmo e as “felicidades efémeras” são substituídas pela confiança no definitivo, a libertação da gratuidade, e o amor que tudo salva. Vem mostrar-nos que hoje, aqui e agora, construímos eternidade. Estamos em processo de ressurreição, e por isso, com tremor e esperança, descobrimos o imenso valor de cada gesto e de cada palavra, do tempo que não é para desperdiçar, da vida que não se pode adiar. Há uma urgência serena a espreitar em cada acontecimento, e pede uma resposta que cada um tem de dar. Se andarmos de olhos no chão como reconheceremos a sua vinda?

Podemos imaginar o pior e prepararmo-nos para ele, mas quantas vezes foi ele que teve a última palavra? O pior só vence quando o alimentamos dentro de nós. A nossa fé responsabiliza-nos pelo mundo de Deus connosco que já é possível construir. Deixar cair os braços, apontar o mal sem querer ver as sementes do bem, estar derrotado antes de ir à luta, baixar a cabeça recusando olhar de frente a vida e o mundo, são contrários à vida do discípulo de Cristo. Não podemos ler melhor os sinais dos rebentos da figueira?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projecto de vida definitiva para os homens. Ele vai - dizem os nossos textos - mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.

  • A primeira leitura anuncia aos crentes perseguidos e desanimados a chegada iminente do tempo da intervenção libertadora de Deus para salvar o Povo fiel. É esta a esperança que deve sustentar os justos, chamados a permanecerem fiéis a Deus, apesar da perseguição e da prova. A sua constância e fidelidade serão recompensadas com a vida eterna.
  • No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projectos, os apelos e os desafios de Deus.
  • A segunda leitura lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projecto de Deus no sentido de libertar o homem do pecado e de o inserir numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo e da vida definitiva.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Rádio Renascença
Padre Vitor Gonçalves