31º Domingo do Tempo Comum - Ano C

30-10-2022 07:48

 

“O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” Lc 19, 10

 

 

Hoje peço perdão aos santos apóstolos e profetas, mártires e confessores, doutores e pastores, místicos e miraculosos, e a todas as santas também, as mais fortes e as mais doces, de todas as ladainhas conhecidas e santorais confirmados, pois eu quero hoje falar dos santos desconhecidos. Estamos nas vésperas da sua festa e até “S. Zaqueu” me vai perdoar este atrevimento (pois não subiu ele a uma árvore só para ver o Senhor passar?). Acredito que a santidade não é questão de altar nem incenso, nem só de milagres extraordinários.

Como o livro de Miguel de Unamuno intitulado “São Manuel Bom”, creio na santidade “normal” de tantos que, sem gestos extraordinários, vivem extraordinariamente a vida. Aqueles que são fiéis à sua consciência, alérgicos a toda a hipocrisia e injustiça, mansos ou revolucionários, sempre de alma inteira em tudo que fazem. Aqueles que Te imitaram, Jesus, “e na transparência dos seus gestos a / tua imagem se divisava. Empreendedores e bravos / ou tímidos e mansos, traziam-te no coração, / olharam o mundo com amor e os / homens como irmãos”, como escreveu Maria de Lourdes Belchior. Santos do nosso convívio, capazes de rir e chorar, de brincar e abraçar, de fazer do seu trabalho uma balada de amor e serviço, sem gastar tempo e alma com os erros seus e dos outros, mas sempre prontos a recomeçar. Santos à volta dos tachos e no meio dos livros, de vassoura na mão e uma melodia na boca: que maravilhoso colorido deve ter o Céu! Pois são eles já que pintam o mundo com tantas cores! Porque estão sempre a aprender com o Santo que é Deus!

Não sentem também esta proximidade tão grande com aqueles que, ao morrer, se tornam os nossos santos? Nem sempre a sua vida foi luminosa, mas acenderam fogueiras em nós que nenhuma tempestade poderá apagar. Quantas vezes nos sentimos tão próximos dos que partiram e, aparentemente, nos deixaram? Quantas vezes escutamos a sua voz carinhosa e sentimos o seu abraço que aquece a alma? E quem poderá afirmar que não é verdade essa comunhão? Chamamos-lhe mistério, e temos dificuldade em entender. Será também santidade este fio que nos une num bem indescritível? É Jesus vivo e ressuscitado que me empresta essa convicção: nem a morte pode separar aqueles que se amam!

Se vós, Senhor, “amais tudo o que existe e não odiais nada do que fizeste” (Livro da Sabedoria), e foste “hospedar-te em casa de um pecador” (Evangelho), é porque a nossa vida “normal” é também Tua morada. Dou-te graças por todos os santos e, em especial, pelos santos “normais”!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia deste domingo convida-nos a contemplar o quadro do amor de Deus. Apresenta-nos um Deus que ama todos os seus filhos sem excluir ninguém, nem sequer os pecadores, os maus, os marginais, os "impuros"; e mostra como só o amor é transformador e revivificador.

  • Na primeira leitura um "sábio" de Israel explica a "moderação" com que Deus tratou os opressores egípcios. Essa moderação explica-se por uma lógica de amor: esse Deus omnipotente, que criou tudo, ama com amor de Pai cada ser que saiu das suas mãos - mesmo os opressores, mesmo os egípcios - porque todos são seus filhos.
  • O Evangelho apresenta a história de um homem pecador, marginalizado e desprezado pelos seus concidadãos, que se encontrou com Jesus e descobriu n'Ele o rosto do Deus que ama... Convidado a sentar-se à mesa do "Reino", esse homem egoísta e mau deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens e de se comover com a sorte dos pobres.
  • A segunda leitura faz referência ao amor de Deus, pondo em relevo o seu papel na salvação do homem (é d'Ele que parte o chamamento inicial à salvação; Ele acompanha com amor a caminhada diária do homem; Ele dá-lhe, no final da caminhada, a vida plena)... Além disso, avisa os crentes para que não se deixem manipular por fantasias de fanáticos que aparecem, por vezes, a perturbar o caminho normal do cristão.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Rádio Renascença
Padre Vitor Gonçalves