22º Domingo do Tempo Comum - Ano A

03-09-2023 07:55

 

“Quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la.” Mt 16, 25

 

O crescimento de tudo é lento e silencioso, mas há momentos que são saltos qualitativos. Uns são fruto de um grande esforço, outros semeiam novidade e grandeza que não imaginávamos ser possível. Talvez os reconheçamos melhor nas relações humanas, em sonhos que nos impulsionam, em metas que nos atraem, em perguntas que desinstalam e em respostas que nos comprometem. As grandes escolhas, os grandes projectos, os grandes sonhos, e os grandes “sim”, exigem grande sofrimento, grande perseverança, grande dádiva, e grande fidelidade.

No caminho de Jesus com os seus discípulos, após o reconhecimento de Ele ser o Messias, que Pedro diz em nome de todos, a missão ganha um horizonte maior. Não de uma glória simplesmente social e humana, nem de um sucesso milagroso, muito menos de um triunfo apoteótico. Que tantas vezes continua a seduzir certos modos de “ser Igreja”! Jesus anuncia a sua rejeição e morte, porque vai amar até ao fim: para perdoar todos, salvar todos e poder dar a ressurreição a todos. É o poder e a glória de Deus, que roda ao contrário das nossas expectativas egoístas e limitadas. Perder é encontrar, dar é receber, renunciar é possuir, e seguir é viver com e como Jesus! E reconhecemos a cruz como sinal “mais” da vida com Deus. Não o mais de possuir, acumular, inchar, ou ambicionar, mas o mais de dar, distribuir, esvaziar, saborear e agradecer com outros, com todos!

Estamos no tempo de agradecer, avaliar e projectar os passos de futuro que as JMJ Lisboa 2023 nos deixaram. Não queremos que fique apenas uma feliz lembrança, mas seja um salto de crescimento pessoal e eclesial de maior corresponsabilidade e sinodalidade. Em que tenhamos ganho o gosto de envolver muitos em tudo o que é possível fazer. De valorizar a voz, as ideias, as mãos e o coração de quantos mais, melhor! De acreditar na força renovadora dos jovens que se comprometem e se entregam com coragem e alegria. Que ninguém fique esquecido ou se sinta de fora. É preciso que este salto seja de todos, com todos e para todos! 

Acolhemos este Domingo o novo Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, e damos graças pela entrega e amor a Cristo e à Igreja de D. Manuel Clemente que lhe passa o testemunho. É com a doação das suas vidas, unidas às nossas, que Jesus conta para sermos “mais” sinal vivo do Amor abundante de Deus!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir a "loucura da cruz": o acesso a essa vida verdadeira e plena que Deus nos quer oferecer passa pelo caminho do amor e do dom da vida (cruz).

  • Na primeira leitura, um profeta de Israel (Jeremias) descreve a sua experiência de "cruz". Seduzido por Jahwéh, Jeremias colocou toda a sua vida ao serviço de Deus e dos seus projectos. Nesse "caminho", ele teve que enfrentar os poderosos e pôr em causa a lógica do mundo; por isso, conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição... É essa a experiência de todos aqueles que acolhem a Palavra de Jahwéh no seu coração e vivem em coerência com os valores de Deus.
  • A segunda leitura convida os cristãos a oferecerem toda a sua existência de cada dia a Deus. Paulo garante que é esse o sacrifício que Deus prefere. O que é que significa oferecer a Deus toda a existência? Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver em consequência.
  • No Evangelho, Jesus avisa os discípulos de que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas passa pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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