1º Domingo do Advento - Ano A
“Estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais,virá o Filho do homem.” Mt 24, 44
Vivemos a atitude da espera em muitas dimensões. A espera ansiosa do ordenado ao fim do mês, a espera serena do amigo que está para chegar, a espera angustiada de um exame a fazer, a espera nervosa e feliz do corredor da maternidade. Há esperas de horas marcadas e de outras que não têm hora. Talvez a estas chamemos esperança.
É certo que não podemos olhar para a esperança e o “estar à espera” como algo passivo, como se não nos motivasse à acção. Lembro aquela canção de Geraldo Vandré que diz: “Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer!”
Entramos, de novo, em Advento. Tempo para cultivar as esperanças adormecidas, a vigilância e o acolhimento das “surpresas de Deus”, tempo para nos purificarmos dos “natais de plástico e brique-a-braque” em que se vende o Menino com as mil e uma bugigangas apregoadas na publicidade, tempo para desbravar o caminho do nosso coração e “lavar ou caiar as paredes da alma”!
Não vamos repetir nada porque a novidade de Deus brota constantemente do tempo e da vida. Que bom seria cultivarmos esta espera atenta que se afadiga na preparação dos teus caminhos, nas cidades e nos corações dos homens! Que renovação seria se gastássemos mais nas escolhas de diálogo e paz, de altear os vales das injustiças e abaixar os montes da ganância, para melhor nos aproximarmos de ti e uns dos outros! Que encanto podermos estar acordados quando bateres à nossa porta!
Ainda que o frio e a chuva convidem a um certo acomodamento, este é o tempo de descruzar os braços e arregaçar as mangas. Tempo de esperança que transforma, que anima, que edifica. Não para sermos “bonzinhos” e nos lembrarmos dos pobres (que vão continuar a sê-lo depois do dia 25), mas para assumirmos um compromisso novo com o Menino que nos estende os braços. E nos seus olhos vermos o olhar de todos com quem Ele se identifica. Este é o tempo da espera de Alguém. Vivo para nos dar vida. Para voltar, mais uma vez, a ensinar-nos a amar a vida. Será que vai haver lugar para Ele no “nosso” Natal?
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia deste domingo apresenta um apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina, na indiferença; mas deve caminhar, sempre atento e vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios.
- A primeira leitura convida os homens - todos os homens, de todas as raças e nações - a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor. É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
- A segunda leitura recomenda aos crentes que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas (o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da luz (a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
- O Evangelho apela à vigilância. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormece numa passividade que lhe rouba as oportunidades; o crente ideal está, em cada minuto que passa, atento e vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu papel, empenhando-se na construção do "Reino".