18º Domingo do Tempo Comum - Ano C
“Assim acontece a quem acumula para si,
em vez de se tornar rico aos olhos de Deus”. Lc 12, 21
Ao contemplar a imensa beleza da criação,
e a singularidade da minha imagem refletida no rio…
O vento que faz bailar as folhas,
e os pés que deixam a marca dos passos na areia…
O chilrear dos pássaros multicolores,
e a doçura das palavras ditas e escutada…
O céu azul ou com noites estreladas,
e o pensamento que ganha asas até ao infinito…
Sinto, ó Deus, que toda a gratidão é pouca
para Te dizermos: “Obrigado pela vida!”
Ao olhar a agitação frenética do mundo,
e a sociedade do consumo que nos consome…
A felicidade fugaz das coisas,
e a produção de novas necessidades…
A acumulação gananciosa e egoísta,
e o esquecimento de próximos e distantes…
A ânsia de ter, de poder, de parecer,
e a solidão do amor aprisionado…
Lembro, ó Deus, que Tu dás o verdadeiro bem
e rezo: “Ensina-nos a darmos tudo!”.
Ao acolher a vida que é dom e compromisso,
e as coisas como bens para fazer bem…
Os sonhos que desinstalam,
e a ternura que envolve os gestos…
Os outros nas diferenças e originalidades,
e a festa de estarmos juntos…
A esperança comprometida com o futuro,
e a sabedoria iluminada do passado…
Renovo, ó Deus, esta humilde prece,
e peço: “Sejamos ricos aos teus olhos!”
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia deste domingo questiona-nos acerca da atitude que assumimos face aos bens deste mundo. Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.
- No Evangelho, através da “parábola do rico insensato”, Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais: o homem que assim procede é um “louco”, que esqueceu aquilo que, verdadeiramente, dá sentido à existência.
- Na primeira leitura, temos uma reflexão do “qohélet” sobre o sem sentido de uma vida voltada para o acumular bens… Embora a reflexão do “qohélet” não vá mais além, ela constitui um patamar para partirmos à descoberta de Deus e dos seus valores e para encontramos aí o sentido último da nossa existência.
- A segunda leitura convida-nos à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e renascermos continuamente, até que em nós se manifeste o Homem Novo, que é “imagem de Deus”.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho