16º Domingo do Tempo Comum - Ano A
“Não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo” Mt 13, 29
Fizeste-nos aprendizes da paciência, Senhor,
mas demoramos a cultivá-la!
Por tudo e por nada nos “salta a tampa”
e dizemos o que não queríamos.
Esquecemos a lentidão do que é importante
e queremos funcionar mais rápido que as redes digitais.
Desligámo-nos da terra e do compasso das estações,
esquecemos a alegria de ver crescer as plantas
e nem esperamos pelo arco-íris que vem depois das chuvas.
Instituímos a pressa como sinónimo de vida,
e queremos tanto a felicidade toda e agora,
nem que seja uma felicidade oca num embrulho bonito!
A outra, a verdadeira, que enche o coração de um azul imenso,
parece-nos impossível porque tarda em chegar!
É assim que sacrificamos nos altares da fama e do dinheiro
os que dizemos amar, com quem passamos menos tempo,
somos mais amigos de écrans e “tik toks”
do que de presença e escuta generosa.
Apressamo-nos a julgar o todo pela parte,
colando rótulos e processando invejas,
querendo colher antes de estar maduro
e valorizando mais o joio do que o trigo,
Abriste-nos horizontes imenso de vida,
mas preferimos ainda o que é fácil, o que se pode comprar, o que brilha!
Dá-nos paciência, Senhor,
de descobrir o trigo que cresce em cada pessoa,
de andar de braço dado com a esperança
de agradecer mais do que exigir.
É preciso aprender a paciência que não cruza os braços,
nem aprisiona o coração!
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.
- A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e omnipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens - mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos", isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.
- O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens - bons e maus - encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.
- A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo - dom de Deus - vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho