16º Domingo do Tempo Comum - Ano A

23-07-2023 07:36

 

“Não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo” Mt 13, 29

 

 

Fizeste-nos aprendizes da paciência, Senhor, 

            mas demoramos a cultivá-la!

Por tudo e por nada nos “salta a tampa” 

            e dizemos o que não queríamos.

Esquecemos a lentidão do que é importante 

            e queremos funcionar mais rápido que as redes digitais.

Desligámo-nos da terra e do compasso das estações, 

            esquecemos a alegria de ver crescer as plantas 

            e nem esperamos pelo arco-íris que vem depois das chuvas.

Instituímos a pressa como sinónimo de vida, 

            e queremos tanto a felicidade toda e agora, 

            nem que seja uma felicidade oca num embrulho bonito!

A outra, a verdadeira, que enche o coração de um azul imenso, 

            parece-nos impossível porque tarda em chegar!

É assim que sacrificamos nos altares da fama e do dinheiro 

            os que dizemos amar, com quem passamos menos tempo, 

            somos mais amigos de écrans e “tik toks” 

            do que de presença e escuta generosa.

Apressamo-nos a julgar o todo pela parte, 

            colando rótulos e processando invejas, 

            querendo colher antes de estar maduro 

            e valorizando mais o joio do que o trigo,

Abriste-nos horizontes imenso de vida, 

            mas preferimos ainda o que é fácil, o que se pode comprar, o que brilha!

Dá-nos paciência, Senhor, 

            de descobrir o trigo que cresce em cada pessoa, 

            de andar de braço dado com a esperança 

            de agradecer mais do que exigir.

É preciso aprender a paciência que não cruza os braços, 

nem aprisiona o coração!

 

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

  • A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e omnipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens - mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos", isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.
  • O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens - bons e maus - encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.
  • A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo - dom de Deus - vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.
 
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