15º Domingo do Tempo Comum - Ano B

11-07-2021 08:17

 

"Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho,

a não sero bastão" Mc 6,8

 

 

Perdoem-me os economistas e outros sábios das lógicas do capital, pois devo estar enganado quanto ao progresso do mundo, mas creio firmemente que os muitos meios não são garantia dos melhores fins. Há uma lição a retirar da criação e da alma humana que é a espantosa força das sementes, e como toda a “start-up” precisa da humildade e da pobreza de ter começado insignificante. E não é essa experiência vital de cada um de nós? E a pobreza dos meios podem dificultar, mas quantas flores conseguem brotar no meio do alcatrão das estradas? E não é o Evangelho uma formidável concretização de como a pobreza de meios não impede, antes favorece, a grandeza desse fim paradoxal da cruz que se torna o princípio da vida eterna para todos?

Deus gosta de contar com “a prata da casa” que é sempre o coração disponível da pessoa humana. Foi sempre assim desde a Criação. Como disse S. Paulo, “escolhe o que é fraco para confundir o que é forte” (1 Cor. 27) e mais dos que as qualidades ou dons dos escolhidos, capacita-os para a missão. É uma autêntica “formação na acção” aquela que os Doze recebem de Jesus; mal acabados de ser chamados e logo enviados com um propósito imenso. Dois a dois, para autenticar o testemunho e entenderem não se evangeliza por conta-própria, mas por conta de Deus. Além disso, é um projecto de comunhão e não de vedetismo: se não aprendemos a precisar dos outros, não nos tornamos heróis solitários e desumanos? E com que meios podem contar? Acima de tudo, a força de quem envia e o poder de libertar do mal os que vivem atormentados. Depois, um bastão, um par de sandálias e uma túnica! O equipamento “topo-de-gama” para a missão!

Dizia Inácio Larrañaga: “Um pobre de Deus é um homem livre.” O despojamento dos apóstolos sustenta a credibilidade do seu anúncio. Não há interesses de retorno, nem negócios escondidos. O bastão é arma do pobre, dos pastores, do coxo. Lembra a vara de Moisés com que abre o Mar Vermelho e conduz os escravos hebreus à libertação. As sandálias são o “turbo” dos pés, arejados e facilmente laváveis num pouco de água, próprias para longas caminhadas. A túnica é o “pronto a vestir” utilitário e simples, sempre na moda e quase uma segunda pele que dá liberdade de movimentos e não distrai a exibir “griffes”! Jesus não envia miseráveis ou maltrapilhos; levam o essencial e não o excesso, para que seja a compaixão e não a “auto-imagem” a ter o primeiro lugar. E os grandes fins da cura e da libertação não precisaram de grandes meios, mas de grande pobreza!

Em dia de S. Bento de Núrsia, lembremos a renovação do mundo do seu tempo que o seu despojamento e a sua Regra realizaram. Como da “oração e do trabalho” fizeram os alicerces de uma vida comunitária que anima hoje tantas comunidades beneditinas. Também começou com pouco, em 503 fundou doze mosteiros!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus actua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projecto de salvação. Esses "enviados" devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projecto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios.

  • A primeira leitura apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor aos homens - com verdade e coerência - os projectos e os sonhos de Deus para o mundo. Actuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.
  • A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher - um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.
  • No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão - que está no prolongamento da própria missão de Jesus - consiste em anunciar o Reino e em lutar objectivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão... Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.

Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho

portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.pt

 

Pe. Vitor Gonçalves

Rádio Renascença