14º Domingo do Tempo Comum - Ano A
“Vinde a Mim…[…]. Tomai sobre vós…[…]. Aprendei de Mim…[…].” Mt 11, 28-30
Certamente muitas vezes nos perguntamos sobre o que Jesus nos pede numa situação, num problema, numa escolha. Faz parte do diálogo que se chama oração, e que Ele bem nos ensinou na relação com o Pai. Pedimos que o Espírito Santo nos ilumine para não confundirmos a sua voz com as nossas vozes interiores, e até podemos consultar alguém amigo e sábio. Podemos ficar com dúvidas, e aí talvez a oração de Jesus que Mateus nos oferece no evangelho de hoje possa esclarecer-nos: é quando nos fazemos “pequeninos”, abandonando a pretensão de sermos “sábios e inteligentes”, que Deus revela as verdades!
Junto a essa oração, Jesus faz-nos três pedidos. Conhecemo-los de cor, mas será que lhes damos a merecida atenção? E, melhor ainda, pomo-los em prática, especialmente nas situações de cansaço e aborrecimento, desalento e tristeza, zanga ou quezílias que se respiram em muitas das nossas comunidades?
“Vinde a mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Quando vivemos a religião como uma carga pesada, com a dor das imperfeições e falhas, nossas e dos outros, mais como obrigação do que por atração, precisamos ir a Jesus. Quando os sofrimentos nos parecem derrubar as esperanças e os obstáculos são maiores do que as nossas forças, é no encontro renovador com Jesus que tudo se alivia. Quando nem nos damos conta que estamos a ser “o centro do mundo” e a impor uma exigência aos outros e à vida, que nem Deus quer que seja assim, vamos a Ele!
“Tomai sobre vós o meu jugo.” Mais peso, ainda, Senhor? Mais exigência? Não, melhor peso e melhor existência! Cheio da sabedoria das bem-aventuranças, na lógica revolucionária do amor que serve e dá a vida. É esse amor que nos liberta do círculo vicioso do egoísmo e do orgulho (esse sim, o jugo que esmaga!” e que nos lança ao encontro dos outros para transformar o que está mal. É a vontade do Pai, que nos levanta e eleva!
“Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”. De quem aprendemos nós? Quem e o que decidimos escolher? Que critérios orientam a nossa vida? A mansidão e a humildade parecem fraqueza perante a violência e o poder. Mas são a força do que é pequeno e pobre, que dá vida em vez de a tirar, que multiplica o bem em vez de o subtrair para acumular, que renova cada pessoa em vez de a descartar. Queremos aprender de ti, Ó Jesus!
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
A liturgia deste domingo ensina-nos onde encontrar Deus. Garante-nos que Deus não Se revela na arrogância, no orgulho, na prepotência, mas sim na simplicidade, na humildade, na pobreza, na pequenez.
- A primeira leitura apresenta-nos um enviado de Deus que vem ao encontro dos homens na pobreza, na humildade, na simplicidade; e é dessa forma que elimina os instrumentos de guerra e de morte e instaura a paz definitiva.
- No Evangelho, Jesus louva o Pai porque a proposta de salvação que Deus faz aos homens (e que foi rejeitada pelos "sábios e inteligentes") encontrou acolhimento no coração dos "pequeninos". Os "grandes", instalados no seu orgulho e auto-suficiência, não têm tempo nem disponibilidade para os desafios de Deus; mas os "pequenos", na sua pobreza e simplicidade, estão sempre disponíveis para acolher a novidade libertadora de Deus.
- Na segunda leitura, Paulo convida os crentes - comprometidos com Jesus desde o dia do Baptismo - a viverem "segundo o Espírito" e não "segundo a carne". A vida "segundo a carne" é a vida daqueles que se instalam no egoísmo, orgulho e auto-suficiência; a vida "segundo o Espírito" é a vida daqueles que aceitam acolher as propostas de Deus.