12ª Domingo do Tempo Comum - Ano A
“Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma.” Mt 10, 28
Diante da adversidade e do desconhecido é natural sentirmos medo. A busca da segurança e da protecção são inerentes à condição frágil da humanidade. Contudo, sabemos não só que “o medo é mau conselheiro”, como engole as forças que temos, se lhe damos demasiada importância. Das palavras de Jesus nos evangelhos que mais me encantam são os inúmeros apelos a “não termos medo”, onde a prevenção para resistência ao anúncio da sua Boa Nova também se insere. Desconfiemos quando a adesão ao evangelho é rápida, fácil e espectacular; podemos andar a enfraquecer a sua essência, ou a querer agradar e obter adesões imediatas, ou ainda a dar respostas em vez de suscitar a procura e o encontro pessoal com Jesus Cristo.
Numa carta sobre o IV centenário do nascimento do pensador Blaise Pacal, o Papa Francisco oferece-nos um belíssimo retrato deste “incansável investigador do verdadeiro (…) sempre “inquieto”, atraído por novo e mais amplos horizontes”. Na busca inteligente de sentido e compreensão da vida e dos mistérios da matemática, da geometria, da física e da filosofia, soube integrar admiravelmente o próprio caminho da fé cristã. Aos buscadores da verdade ele “quis recordar que, fora da perspectiva do amor, não há verdade que valha a pena: ‘Faz-se um ídolo até da própria verdade, pois a verdade fora da caridade não é Deus, é sua imagem e um ídolo que nāo se deve amar nem adorar’.” Homem do seu tempo e atento aos inúmeros desafios da evolução do pensamento, da ciência e da técnica (é-lhe atribuída a construção de um mecanismo percursor das actuais calculadoras), sempre aliou a busca da inteligência à da fé, falando de uma inteligência intuitiva: “Conhecemos a realidade não só com a razão, mas também com o coração.”
A coragem para vencer o medo tem na sua origem etimológica o “cor” que vem dar “coração”. Também Jesus nos lembrou que onde “estiver o vosso coração, aí estará o vosso tesouro”. Biblicamente o coração não é simplesmente o lugar dos sentimentos e das emoções, mas também da inteligência e da vontade. Por isso pedia Salomão a Deus que lhe desse um “coração inteligente”, para guiar e defender o seu povo, para resistir às adversidades, para fazer as melhores escolhas, para fazer a vontade de Deus. Sim, a fé em Jesus que promete nunca nos abandonar, unida à inteligência que exercitamos e fazemos crescer na direcção da verdade, são as melhores armas contra o medo.
Pe. Vitor Gonçalves
in Voz da Verdade
As leituras deste domingo põem em relevo a dificuldade em viver como discípulo, dando testemunho do projecto de Deus no mundo. Sugerem que a perseguição está sempre no horizonte do discípulo... Mas garantem também que a solicitude e o amor de Deus não abandonam o discípulo que dá testemunho da salvação.
- A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de um profeta do Antigo Testamento - Jeremias. É o paradigma do profeta sofredor, que experimenta a perseguição, a solidão, o abandono por causa da Palavra; no entanto, não deixa de confiar em Deus e de anunciar - com coerência e fidelidade - as propostas de Deus para os homens.
- No Evangelho, é o próprio Jesus que, ao enviar os discípulos, os avisa para a inevitabilidade das perseguições e das incompreensões; mas acrescenta: "não temais". Jesus garante aos seus a presença contínua, a solicitude e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo.
- Na segunda leitura, Paulo demonstra aos cristãos de Roma como a fidelidade aos projectos de Deus gera vida e como uma vida organizada numa dinâmica de egoísmo e de auto-suficiência gera morte.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Rádio Renascença