Solenidade da Páscoa da Ressurreição do Senhor

31-03-2013 00:35

 

 

SOLENIDADE DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

 

"Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro." Jo 20, 1

 

Não sei bem como tratar-te: irmã, amiga, mulher. Respeitosamente devia tratar-te por santa mas algumas imagens que fizemos de ti representam-te tão "Madalena arrependida", ou de olhos postos no alto que, à maneira de tantos outros santos, quase não pareces ter andado neste mundo. E se foste uma "mulher do mundo" ou "libertada de sete espíritos", o que sabemos é que o encontro com Jesus te transformou.

Algumas vezes foste identificada com a mulher adúltera, com uma prostituta, com Maria irmã de Marta e de Lázaro, e com tantas Marias do Evangelho. Talvez em ti houvesse um bocadinho de todas elas e de outras que foram discípulas de Jesus. Não fizeste parte dos Doze, mas bebeste as mesmas palavras recriadoras e acompanhaste os gestos luminosos que Jesus ia oferecendo. Estavas também na Ceia? A que distância fizeste o caminho doloroso para o Calvário? Como amparaste a mãe de Jesus e ficaste junto à cruz? Que turbilhão de sentimentos, de sonhos desfeitos, de trevas lhe encheram a alma? Era preciso tanto sofrimento?

Em muitas pinturas ainda levas o vaso de perfume para ungir o corpo de Jesus. Apressaste a aurora e nem a escuridão te meteu medo para ires ao sepulcro. Precisavas tocar o corpo sem vida daquele que fazia reviver tudo, para acreditar que era verdade e não fora um sonho mau. Quando viste a pedra retirada do sepulcro pensaste que alguém tinha roubado o corpo de Jesus. E correste contar a Pedro e a João. Ficaste ainda mais perdida e mais só? Quantas vezes nos sentimos também assim! Quando a rotina e a dureza do coração nos acomodam, e já não procuramos reavivar o amor. Ficaste por ali, certamente, depois de eles partirem. Choravas quando alguém te falou. "O jardineiro", pensaste que tinha sido ele a levar Jesus? E só quanto Jesus disse o teu nome O reconheceste! Porque é um encontro pessoal e único que Ele quer fazer com cada um. Um encontro e não uma doutrinação, uma lição de teologia E só aí a alegria verdadeira nos enche. A mesma alegria que te fará correr de novo para os discípulos a dizer-lhes o que Jesus te pediu. Reparaste? Pela primeira vez Jesus chamou-lhes, e a nós, "irmãos". Que palavra espantosa! E que responsabilidade! Como seria diferente o poder se fosse habitado por mais fraternidade!

Mais nada sabemos de ti pelos evangelhos. E muitas teorias se fizeram sobre o teu amor a Jesus. Mas eu vejo-te em tantas mulheres que são como tu, anunciadoras de Jesus vivo, pelos muitos gestos de coragem, de ousadia, de procura, de persistência, de justiça, de amor sincero que transformam as trevas em luz.

Obrigado, santa e irmã, Maria Madalena, por me ensinares a amar Jesus!

P. Vítor Gonçalves

in A Voz da Verdade

 

 

A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.

  • A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.
  • O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem nunca ser geradores de vida nova; e o discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta – a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira.
  • A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo Baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última fronteira da nossa finitude.

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