Solenidade da Ascensão do Senhor - Ano C

08-05-2016 09:25

 

“Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi elevado ao céu.” Lc 24, 51

 

 

 

Não há ninguém que não queira subir. De categoria, de ordenado, de escalão, na carreira, na vida, enfim! Subir é sinónimo de sucesso, e quem não quer sucesso para si e, especialmente, para os filhos que, de pequeninos, são educados para uma excelência tantas vezes ilusória? O perigo é esquecer que não se sobe sem trabalho, sem entrega. E isso significa partir de baixo. A subida alegremente celebrada à II Liga da equipa de Futebol do Cova da Piedade quando há três anos penava pelos campeonatos distritais, e a do Leicester, que venceu, pela primeira vez, o campeonato inglês em mais de cem anos de história, podem ser imagens de um esforço de equipa. É verdade que há muitos outros e melhores exemplos de “subidas” de humanidade, mais nobres e eloquentes, mas infelizmente esquecidos e “menos rentáveis”! Sim, porque nas “subidas” deste mundo a cotação é alta quando o dinheiro e o poder, obtidos “a qualquer preço” gritam mais alto!

Jesus sobe ao céu é mais um modo de falar da sua ressurreição. E da nossa também. O evangelista Lucas conta como Jesus explicou aos apóstolos que a descida da sua paixão e morte está unida à ressurreição. É preciso descer à máxima desumanidade para a levantar e salvar, como erguemos quem está caído, pondo as mãos por baixo e abraçando o corpo inerte. Não se resolve um problema sem descer às suas raízes, como não se transforma uma realidade sem a conhecermos por dentro. E isso não se faz sem sofrimento e entrega. Quando não se desce, nem se entra no mistério das coisas e das pessoas, pincelamos de verniz ou fazemos apenas bonitas operações de cosmética. E sem descer não se pode subir. Isto acontece na fé e na vida, como também no amor e na felicidade que tanto idealizamos.

Ser testemunha de Jesus implica um mergulho na vida humana como o d’Ele, abraçando todas as realidades humanas e elevando-nos uns com os outros. E nada nos pode ser indiferente ou desprezível, nem temos as soluções mágicas de todos os problemas. Pois isso é trabalho da “força do alto”, um belíssimo nome do Espírito Santo. É porque vem do alto que se derrama em tudo e em todos e não apenas em alguns “iluminados”. É preciso descobrir a luz que existe em cada pessoa e em cada situação.

Pela força da gravidade que nos mantém de pés assentes nesta terra, tudo o que quer crescer em altura precisa crescer em profundidade. Assim as árvores, os prédios e as pessoas. Não foi para o céu do espaço que Jesus subiu. Mas para o céu da vida em abundância onde nos espera. Por isso a grandeza que podemos desejar para nós e para quem amamos é a do crescimento interior. Das pessoas únicas e maravilhosas que somos, capazes de amar incondicionalmente, de criar beleza, de multiplicar laços e elevar os outros, de contemplar e agradecer, de descer ao íntimo de si e do mundo para tudo oferecer a Deus. O que é grave é quando o acumular das coisas nos impede de descer e de subir!

Pe. Viotor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

  • O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projecto salvador de Deus e resulta do facto de a ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.
  • Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo caminho de Jesus. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante, mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projecto de Jesus.
  •  A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a queforam chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside nesse “corpo”.

 

Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho

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