I Domingo do Advento - Ano A

01-12-2013 08:16

 

" Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”

Mt 24, 42

 

Por entre as decorações natalícias certamente já viram algum calendário do Advento, 

em que, abrindo cada uma das 24 janelas, se encontra detrás um doce ou um desenho ou 

uma palavra da Bíblia. Parece que foi inventado pelos irmãos luteranos alemães como 

uma forma de preparar a festa do nascimento de Jesus. Os doces ou outras guloseimas 

claro que foram pensados para as crianças, mas a ideia de preparação, de “janelas” 

que vamos abrindo na vida para acolher Jesus é muito bela. 

O convite à vigilância, a estar atentos à vinda de Jesus pode traduzir-se nesta imagem 

de “abrir as nossas janelas”. Janelas do nosso olhar para os outros, do desejo do 

encontro com Deus, da alegria em seguir Jesus. Sabemos que há mil e uma razões 

e mil e uma maneiras de termos as janelas fechadas. Sofrimentos, preocupações, 

desencantos, uma doença, uma perda de trabalho, um sonho que tarda em realizar-se. 

E já experimentámos a escuridão em que todas essas situações nos fazem mergulhar.

 Entrar em Advento convida-nos a um gesto de coragem de acolher a luz. Luz que pode

 começar por ser a do sol: que aquece e ajuda a ver melhor, e até nos faz descobrir

 tanta beleza que é oferecida inteiramente de graça. Depois a luz que, afinal, também

 está nos outros, e em pequenas capacidades pessoais que não podíamos ver na

 escuridão. Pode ser devagar essa abertura, mas importa que seja firme; a tentação de

 desistir vai andar sempre a rondar.

Esperar a vinda de Jesus não é uma atitude passiva. Porque Ele vem no amor que 

colocamos naquilo que fazemos, nos sonhos que não deixamos morrer, e também nos

 sofrimentos que não adianta evitar. Vem quando nos comprometemos, quando nos 

preocupamos (sem ser em excesso!) e até quando desanimamos. Vem nas ideias 

luminosas, nos caminhos que ainda ninguém trilhou, na coragem de fazer melhor. 

E se a iniciativa de vir até nós é de Deus, vamos ficar à espera aferrolhados por 

preconceitos e temores? Ou “primeiramos”, como nos desafia o Papa Francisco

 na Exortação “Alegria do Evangelho”, acabadinha de sair? Diz-nos: “A Igreja «em 

saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se 

envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o 

neologismo –, tomam a iniciativa! A comunidade missionária experimenta que o 

Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1Jo 4,10), e, por isso, ela sabe

 ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados 

e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos”(n.24).

Às vezes tudo começa por abrir as janelas, porque até o pó (que aparece não se 

sabe de onde) se limpa melhor com mais luz. E se custa ver o que ainda está mal 

e é causa de tanto sofrimento, é a partir desse olhar que podemos ajudar outros 

a abrir os olhos (quem lhes chamou as “janelas da alma”?) e juntos pensar em 

caminhos e soluções!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia deste domingo apresenta um apelo veemente à vigilância. O cristão não deve instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina; mas deve caminhar, sempre atento e sempre vigilante, preparado para acolher o Senhor que vem e para responder aos seus desafios.

  • A primeira leitura convida os homens – todos os homens, de todas as raças e nações – a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor… É do encontro com o Senhor e com a sua Palavra que resultará um mundo de concórdia, de harmonia, de paz sem fim.
  • A segunda leitura recomenda aos crentes que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas (o mundo do egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da luz (a vida de Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e esperança, ao encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
  • O Evangelho apela à vigilância. O crente ideal não vive mergulhado nos prazeres que alienam, nem se deixa sufocar pelo trabalho excessivo, nem adormece numa passividade que lhe rouba as oportunidades; o crente ideal está, em cada minuto que passa, atento e vigilante, acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu papel, empenhando-se na construção do “Reino”.

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