Domingo de Pentecostes - Ano A

28-05-2023 08:06

 

“Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós.”Jo 20, 21

 

Mesmo que não caminhemos muito, a vida é peregrinação. E o espaço, mais do que a distância física percorrida, é o movimento interior da alma que busca o sentido, o “mais e melhor” que nos atrai. Como dizia S. Agostinho: “Fizeste-nos, Senhor, para Vós, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em Vós.” Assim os passos que damos juntos são descoberta pessoal e comunitária, não só de realidades novas, mas também daquele que caminha sempre connosco, desde a sua ressurreição.

“Se não conhecemos os erros do passado, corremos o risco de voltar a cometê-los” é uma frase escrita à entrada de um dos pavilhões do campo de concentração de Auschwitz. Nas peregrinações do mundo embatemos, demasiadas vezes, e tão dolorosamente, no horror da desumanidade. Percorrendo santuários na Polónia e pela sua história de sofrimento somos convidados a aprender com a grandeza e miséria de que os homens e mulheres somos capazes. Aprender a resiliência diante dos sofrimentos inevitáveis, e a humildade e coragem de não propagar sofrimentos evitáveis. Não é a fragilidade da vida comum a todos nós?

Ser discípulo de Cristo é também ser enviado. Ter a mesma missão de libertar e curar, de anunciar e viver a misericórdia de Deus. É receber o Espírito Santo, que não vem apenas do céu, mas de todo o lado, vem de baixo, dos pequenos e fragilizados, e do mais fundo de cada pessoa. Que já chegou primeiro do que nós a todas as realidades. Que nos lembra a atitude de serviço de Jesus, para não nos julgamos seus “donos” ou seus “únicos intérpretes”. Ele é vento que penetra as frinchas de todos os muros, água que abala certezas e orgulhos, fogo que derrete todos os gelos. Recorda tudo o que Jesus disse e ensina caminhos novos e criativos para uma humanidade mais fraterna e solidária. Nada do que cada um faz ou deixa de fazer é insignificante para Ele.

Não viveremos, na prática, uma falta de fé no Espírito Santo? Se acreditar n’Ele implica movimento, para onde e com quem caminhamos? E se reclama escuta e discernimento, quem e como escutamos? Se provoca disponibilidade e serviço, o que nos prende e envaidece? Se nos oferece perdão e paz, como os partilhamos?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

  • O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
  • Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
  • Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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