5º Domingo do Tempo Comum - Ano B

04-02-2018 09:06

 

 

" Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André.” Mc 1, 29

 

 

Não sabemos se S. Marcos quis descrever um dia da vida de Jesus logo no início do seu evangelho. Mas podemos imaginar que sim e estabelecer um percurso: da sinagoga à casa, da intimidade da oração à saída para evangelizar. É possível vislumbrar nestes poucos versículos um método de Jesus?

Jesus sai da sinagoga, a casa velha que representava o lugar do ensino, da Lei, dos mandamentos que regulavam a relação com Deus e com os homens, e entra na casa nova, o lugar quotidiano onde se vive a vida com aqueles que amamos. E este primeiro movimento, naquelas viagens em que o pensamento vai buscar ao coração coisas novas e antigas, lembrou-me alguns professores meus amigos, desencantados com os rumos do ensino, com as burocracias escolares, com as grelhas e avaliações que esquecem rostos e histórias, com os valores humanos e de trabalho que os alunos não trazem de casa, com a impossibilidade de um percurso pedagógico. Ninguém nota como andam tristes os professores? E não é só por questões de carreira! Não é possível sonhar outros caminhos? Partilho um que as redes me fizeram chegar: http://bit.ly/2nuGEVz. Porque não podemos ficar indiferentes!

Na casa de Pedro e André, Jesus não fica indiferente ao sofrimento da sogra de Pedro. Os seus gestos são exemplares: aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a. Três ações fundamentais na pedagogia de Jesus que não podemos esquecer. O sofrimento assusta e fragiliza, mas não tem de transformar quem sofre num leproso ou num número. Não se transforma, ama ou salva, à distância. É preciso tocar, vencer preconceitos e derrubar muros que impedem a comunhão com o outro. E levantá-lo é ousar ressuscitar quem parecia perdido. Para depois nos maravilharmos com a resposta à vida ressuscitada: servir com alegria!

A porta da casa torna-se o lugar da escuta e da cura. É porta aberta para as periferias. Próximas ou distantes, elas tornam-se novos centros de irradiação; não “buracos negros” que absorvem tudo mas pequenos sóis que espalham vida. A evangelização não é um conjunto de ideias mas uma inteligência nova, uma atenção ao dom de Deus que emerge em cada pessoa e situação, uma presença que abraça quem sofre e inicia a cura. É Jesus a dar-se nas palavras e na vida de quem vive já com Ele. Sim, também nas minhas imperfeições e feridas, que me lembram sempre como sou tão irmão de todos!

O silêncio do novo dia a nascer recorda como é tão importante o diálogo com o Pai. Para Jesus e para nós. Se somos filhos somo-lo porque temos um Pai. E quanto mais lhe falamos dos irmãos, melhor falaremos d’Ele. Talvez nem seja preciso falar muito, porque o que somos O refletirá. A intimidade com o Pai reclama a proximidade com todos os seus filhos, num crescendo de amor. Fugir de quem sofre, ignorar as causas dos sofrimentos, nada fazer pela impossibilidade de resolver tudo só acarretará sofrimento maior. Que tal praticar mais o método de Jesus?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

Que sentido têm o sofrimento e a dor que acompanham a caminhada do homem pela terra? Qual a “posição” de Deus face aos dramas que marcam a nossa existência? A liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre estas questões fundamentais. Garante-nos que o projecto de Deus para o homem não é um projecto de morte, mas é um projecto de vida verdadeira, de felicidade sem fim.

  • Na primeira leitura, um crente chamado Job comenta, com amargura e desilusão, o facto de a sua vida estar marcada por um sofrimento atroz e de Deus parecer ausente e indiferente face ao desespero em que a sua existência decorre… Apesar disso, é a Deus que Job se dirige, pois sabe que Deus é a sua única esperança e que fora d’Ele não há possibilidade de salvação.
  • No Evangelho manifesta-se a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos seus filhos. Na acção libertadora de Jesus em favor dos homens, começa a manifestar-se esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que Deus sonhou para os homens. O texto sugere, ainda, que a acção de Jesus tem de ser continuada pelos seus discípulos.
  • A segunda leitura sublinha, especialmente, a obrigação que os discípulos de Jesus assumiram no sentido de testemunhar diante de todos os homens a proposta libertadora de Jesus. Na sua acção e no seu testemunho, os discípulos de Jesus não podem ser guiados por interesses pessoais, mas sim pelo amor a Deus, ao Evangelho e aos irmãos.

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