28º Domingo do Tempo Comum - Ano A

11-10-2014 07:43

 

"Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’.” Mt 22, 9

 

De refeições está cheia a Bíblia e são incontáveis as referências ao alimento e à preocupação de Deus em que não passemos fome. Mas uma refeição não é apenas condição de subsistência, e ganha densidade de encontro e de celebração da vida que une os comensais. Nos programas televisivos que nos fazem imaginar “chef’s” de qualquer cozinha sublinha-se frequentemente que o acto de cozinhar precisa estar cheio de entrega, de memórias, de alma. Porque o amor com que se prepara uma refeição é o ingrediente que não vem no livro de receitas!

Ao comparar o Reino dos Céus a um banquete nupcial, Jesus mostra como a sua vida inteira é um convite para a festa que o Pai quer fazer connosco. À religião do sacrifício, do sangue derramado de animais e do cumprimento escrupuloso de preceitos que não produziam alegria, Jesus convida para a celebração da vida e do amor. A dimensão jubilosa da existência não esquece o sofrimento mas procura combater as suas causas, não desvaloriza o esforço mas não alimenta depressões nem esquizofrenias, não idolatra o prazer mas também não o excomunga! O convite a participar neste banquete orienta-nos para um futuro, mas tantas vezes parecemos surdos a este convite. Satisfeitos com a procura do bem-estar e de realizar as necessidades imediatas, assemelhamo-nos aos convidados do evangelho: ou não queremos ir (porque estamos satisfeitos?) ou temos mais que fazer (fechados nos interesses egoístas?).

Mas Deus não desiste. O seu banquete está preparado e Ele vai chamar onde e quem menos se espera. As encruzilhadas dos caminhos sempre foram lugares de grande medo e decisões difíceis. Muitos diziam que era aí que o demónio fazia escolher “maus caminhos”; pois é aí mesmo, nos lugares “menos religiosos”, mais marginais e de periferia, que o Pai envia a convidar para a sua festa. Nas encruzilhadas das comunicações e das linhas enoveladas das nossas vidas, nos horizontes sem futuro, Deus propõe uma festa de alegria.

Curiosamente, onde menos abundam os meios materiais, e onde o dinheiro é um bem que se põe ao serviço de todos, superabundam os dons e qualidades pessoais e o entusiasmo em servir os outros. Como numa mesa cheia de iguarias, muitas vezes o que melhor sabe, porque cozinhados com o coração, são uns pastéis de bacalhau ou uns jaquinzinhos fritos! Sim, todos somos convidados, e todos temos algo para a mesa do banquete. O que nos parece pouco e insignificante pode ter o melhor sabor. E Deus sabe disso muito bem!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do “banquete” para descrever esse mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.

  • Na primeira leitura, Isaías anuncia o “banquete” que um dia Deus, na sua própria casa, vai oferecer a todos os Povos. Acolher o convite de Deus e participar nesse “banquete” é aceitar viver em comunhão com Deus. Dessa comunhão resultará, para o homem, a felicidade total, a vida em abundância.
  • O Evangelho sugere que é preciso “agarrar” o convite de Deus. Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso baptismo não é “conversa fiada”; mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
  • Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino: a comunidade cristã de Filipos. É uma comunidade generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar o Evangelho diante de todos os homens. A comunidade de Filipos constitui, verdadeiramente, um exemplo que as comunidades do Reino devem ter presente.

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