2º Domingo de Quaresma - Ano B

01-03-2015 09:42

 

"Este é o meu Filho muito amado: Escutai-O” Mc 9, 7

 

 

Não deixa de ser curioso como podemos olhar para os Óscares deste ano, que premiaram o cinema (na maioria norte-americano!), e ver a predominância de histórias pessoais com um fundo espiritual. São pequenas histórias de luta, de procura de identidade, de fragilidade e coragem. Um actor em declínio que deseja a libertação de ter encarnado um herói imaginário (“Birdman”), uma famosa professora que enfrenta a degradação da doença de Alzheimer (“O meu nome é Alice”), um famoso cientista que enfrenta com o amor da mulher uma doença degenerativa (“A teoria de tudo”), uma noviça em confronto com o seu passado (“Ida”), um robot bondoso e compassivo (“Big Hero 6”), uma mãe e mulher que valoriza os pequenos momentos (“Boyhood”), a hospitalidade e cortesia de um chefe de hotel (“Grand Hotel Budapest”). Mais do que os grandes temas ou a espectacularidade de imagens “maiores do que a vida”, foram os relatos mínimos que venceram. Mas não são mínimas as questões que nos levantam, nem os valores que nos apontam.

O meu nome é Alice”, interpretado por Julianne Moore (que recebeu o Óscar de melhor atriz), aborda um tema difícil: o apagar da memória e da vida que a doença de Alzheimer provoca. É uma interpretação notável, num filme sereno e contido, que nos remete para a realidade de tantas vidas e famílias, que podem ser as nossas, ou estão tão próximas. Sem apresentar soluções mágicas ou radicais fala-nos da aprendizagem da perda, e das dificuldades de amar quem já parece que não está cá. E dei por mim a repetir silenciosamente no pensamento: “E ainda assim somos filhos muito amados de Deus!

Pedro, Tiago e João foram escolhidos por Jesus para um momento significativo de revelação. Talvez fossem os que mais precisavam, pois foram imediatas as suas recusas da paixão e da cruz de Jesus: Pedro procurou tirar-Lhe essas ideias da cabeça, e Tiago e João pediram os primeiros lugares no seu reino. E vai ser ainda a ideia de uma vida fácil e cómoda, de um triunfo sobre o mundo, ou de um “pairar sobre a realidade” (própria de tantos que se servem em vez de servirem!) que vai levar Pedro a propôr montar ali três tendas. Fundamental neste relato é a palavra do Pai: Jesus é o Filho muito amado que nos pede que escutemos. E escutar é acolher o seu projecto de amor, é acreditar que Deus nos ama da mesma maneira, que a vida se transforma e é mais autêntica quando damos vida às suas palavras. O lugar dessa transformação é a nossa vida quotidiana e pouco espectacular (ou afinal, mais espectacular do que pensamos), onde há desafios e problemas, erros e aprendizagens, mal e bondade, cruz e também ressurreição. Podemos escrever histórias mínimas, não ficar com o nome impresso em papel ou no mármore, poucos lembrarem a nossa falta, mas no coração de Deus todos estamos gravados. E certamente a importância de cada pessoa nunca pode ser avaliada pelo próprio. Só nos pede Deus uma coisa: que amemos a vida ao jeito de Jesus! E nenhuma história será mínima!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projectos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.

  • O Evangelho relata a transfiguração de Jesus. Recorrendo a elementos simbólicos do Antigo Testamento, o autor apresenta-nos uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que vai concretizar o seu projecto libertador em favor dos homens através do dom da vida. Aos discípulos, desanimados e assustados, Jesus diz: o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também.
  • Na primeira leitura apresenta-se a figura de Abraão como paradigma de uma certa atitude diante de Deus. Abraão é o homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total (mesmo quando os planos de Deus parecem ir contra os seus sonhos e projectos pessoais). Nesta perspectiva, Abraão é o modelo do crente que percebe o projecto de Deus e o segue de todo o coração.
  • A segunda leitura lembra aos crentes que Deus os ama com um amor imenso e eterno. A melhor prova desse amor é Jesus Cristo, o Filho amado de Deus que morreu para ensinar ao homem o caminho da vida verdadeira. Sendo assim, o cristão nada tem a temer e deve enfrentar a vida com serenidade e esperança.

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