16º Domingo do Tempo Comum - Ano A

20-07-2014 08:57

 

"O reino dos Céus pode comparar-se a um homem  que semeou boa semente no seu campo.”

Mt 13, 24

 

 

Crescer é um mistério vedado aos nossos olhos. Vimos como era pequeno, vemos a grandeza que atingiu. “Crescer a olhos vistos” é expressão popular para manifestar o espanto de um dinamismo que tem sempre um pouco de mistério. E bem gostaríamos de ver a economia, e a natalidade, e o emprego, e as oportunidades de trabalho crescerem de forma visível, pois os números podem dizer uma coisa mas o coração ainda diz outra. Sim, a nossa pequena omnipotência tem dificuldade em aceitar que o melhor crescimento é lento e a pressa, normalmente, não dá bons resultados.

Nas parábolas que Jesus nos conta nestes domingos é valorizada a força e a surpresa do que é insignificante. Sementes de trigo ou de mostarda, fermento que é colocado na massa. Conhecemos as suas composições químicas, explicamos as suas transformações e, não deixam de ser pequenos milagres oferecidos. Na escuridão da terra ou no meio da massa, com as condições ideais, rompem a casca ou “põem a massa ao barulho” para que tudo cresça, aceitando deixar de ser o que eram para ser algo novo e abundante. Por isso a solidão absoluta é estéril; a vida tende a ligar-se, a transformar-se, a crescer. Deus não tem pressa: é melhor crescer devagar, mas crescer bem!

Os pequenos gestos e sinais têm uma força insuspeitada. Ainda que alguns sonhem com triunfalismos, ou haja saudades de um “domínio” cristão das sociedades, o Evangelho sempre caminhou do pouco para o mais, de dentro para fora, do coração para a vida toda. Por estes dias a Comunidade de Santo Egídio recebeu o Prémio Gulbenkian 2014. Este movimento católico, fundado em 1968 por Andrea Riccardi, tem-se distinguido, na opinião do júri do prémio, “pelo apoio aos menos favorecidos e pelos esforços para alcançar a paz no mundo, quer através da mediação em conflitos quer através do diálogo inter-religioso”. Esta organização não-governamental agrega hoje cerca de 60 mil pessoas em mais de 70 países do mundo, incluíndo Portugal. E tudo começou com um grupo de jovens reunidos por Andrea Riccardi, filho de um banqueiro, no clima de renovação do Concílio Vaticano II, para ouvirem o evangelho e pô-lo em prática.

Escolher o que queremos que cresça e saber separar o trigo do joio é uma aprendizagem que estas parábolas nos oferecem. No campo maior que é a nossa vida em família, em comunidade, em sociedade, certamente que procuramos lançar boas sementes, não é verdade? E às vezes também cresce aquilo que não é bom nem queríamos! Escolher o que nos ajuda a amar melhor segundo o evangelho será uma tarefa para todos os dias! E esse crescimento será sempre melhor visto pelos olhos dos que nos rodeiam!

Pe. Vitor Gonçalves

in, Voz da Verdade

 

 

A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do “Reino”; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa “lógica” de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.

A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e omnipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem “humanos”, isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.

O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do “Reino de Deus”. Esse “Reino” não é um clube exclusivo de “bons” e de “santos”: nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.

A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena.

 

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