15º Domingo do Tempo Comum - Ano A

16-07-2017 09:23

 

 

Saiu o semeador a semear.” Mt 13, 3

 

 

Eis chegado o verão, tempo em que muitos saem das rotinas habituais para uns dias de férias. Saídas para longe ou para mais perto, para a calma ou para a confusão, para a descoberta ou para o reencontro. E não será importante descobrir que as verdadeiras férias se fazem “por dentro” e não apenas “por fora”? Mesmo quem não possa ir para longe, pode sempre ir mais longe na aventura da beleza do que está perto e tantas vezes não se repara! Podem as férias rimar com “colheita”, com aprendizagem para melhores sementeiras? Jesus parece convidar-nos a essa atitude.

Das sete parábolas que Jesus nos oferece no capítulo 13 de S. Mateus, a primeira e mais longa é a do semeador. O grande pregador e autor maior da literatura que foi o P. António Vieira inspirou-se nela para o Sermão da Sexagésima: “Cristo comparou o pregador ao semeador. O pregar que é falar faz-se com a boca; o pregar que é semear, faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras. Diz o Evangelho que a palavra de Deus frutificou cento por um. Que quer isto dizer? Quer dizer que de uma palavra nasceram em palavras? -- Não. Quer dizer que de poucas palavras nasceram muitas obras.” As parábolas de Jesus têm um duplo movimento: trazem a realidade distante para junto dos que a ouvem e meditam, e colocam os ouvintes em “saída”, para uma novidade que transforma a sua existência.

Para semear é preciso sair. Sair das seguranças e egoísmos que nos acomodam. É a saída de quem educa e de quem evangeliza. É preciso ir ao encontro dos outros, escutar e falar aos homens e mulheres de hoje, deixar a instalação dos pequenos mundos caseiros e eclesiais. Não para impor nem conquistar, mas para lançar sementes. A semente que é a possibilidade de encontro com Jesus e com a vida que ele oferece. Mas será que se pode semear aquilo que não se vive? Poderão os pais   educar os filhos com regras e valores que não assumem? Uma comunidade que não vive a alegria de seguir Jesus pode oferecer as sementes do Evangelho?

A força das sementes desta parábola é extraordinária. Se encontram um pouco de terra, nascem, e se a terra não tem espinhos nem pedras, frutificam com abundância. É espantosa também a generosidade do semeador, que não escolhe os terrenos, e espalha as sementes às mãos largas. Mais do que a eficácia e o lucro, parece privilegiar que nenhum terreno fique sem receber sementes. Nestes dias de balanços escolares (e outros!) o que valorizamos mais? Os resultados quantitativos ou a aprendizagem de sermos melhores homens e mulheres? Que sementes oferecemos? Não apenas as palavras, mas que valores e convicções irradio e contagio? Como ajudo a crescer aqueles que digo amar? Sim, Jesus sai sempre a semear-se em nós; saímos também para os outros levando as boas sementes que frutificam na nossa vida?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum convida-nos a tomar consciência da importância da Palavra de Deus e da centralidade que ela deve assumir na vida dos crentes.

  • A primeira leitura garante-nos que a Palavra de Deus é verdadeiramente fecunda e criadora de vida. Ela dá-nos esperança, indica-nos os caminhos que devemos percorrer e dá-nos o ânimo para intervirmos no mundo. É sempre eficaz e produz sempre efeito, embora não actue sempre de acordo com os nossos interesses e critérios.
  • O Evangelho propõe-nos, em primeiro lugar, uma reflexão sobre a forma como acolhemos a Palavra e exorta-nos a ser uma “boa terra”, disponível para escutar as propostas de Jesus, para as acolher e para deixar que elas dêem abundantes frutos na nossa vida de cada dia. Garante-nos também que o “Reino” proposto por Jesus será uma realidade imparável, onde se manifestará em todo o seu esplendor e fecundidade a vida de Deus.
  • A segunda leitura apresenta uma temática (a solidariedade entre o homem e o resto da criação) que, à primeira vista, não está relacionada com o tema deste domingo – a Palavra de Deus. Podemos, no entanto, dizer que a Palavra de Deus é que fornece os critérios para que o homem possa viver “segundo o Espírito” e para que ele possa construir o “novo céu e a nova terra” com que sonhamos.

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