12º Domingo do Tempo Comum - Ano B

21-06-2015 06:52

 

"Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?” Mc 4, 40

 

 

Das muitas imagens de Jesus menino a dormir que conheço, a maior parte delas integradas nalgum presépio, há uma que sempre me faz sorrir quando a lembro. Não sei bem onde a vi, mas recordo-a com nitidez: Jesus está deitado de lado, com uma caveira como almofada! Parece chocante, como deve ter parecido aos discípulos aquele sono sereno do Mestre, no meio da tempestade e do mar alterado. Mas aquele sono oferece-nos uma confiança, faz-nos entrar no mistério da vitória sobre o mal e a morte, derrete o gelo do medo e do abandono. Quantas vezes Jesus insistiu com os discípulos para não terem medo, e até no encontro com o Ressuscitado o temor e a alegria apareceram tão misturados! 

Há momentos em que a natureza impõe o seu respeito. Há situações humanas em que as forças destruidores parecem dominar tudo. Há crises e inseguranças que despertam medos ancestrais. E é sobranceria alguém dizer que nunca teve medo. O que é importante é o que fazemos com o medo: como o dominamos ou nos deixamos dominar por ele, como não desistimos de utilizar a inteligência, como procuramos a verdade em vez de ceder às ilusões! Sempre me irritaram os adultos que gostam de “criar medo” nos mais novos: “Cuidado com o papão!”; “Lá fora estão coisas más!”; “Tu nunca vais conseguir alcançar esse sonho!”. E o pior é quando se encontra alguma semelhança com atitudes religiosas que acentuavam o “medo do castigo de Deus e de ir parar ao inferno” para que não nos afastássemos d’Ele, ou a “exclusão religiosa e social” de quem falhava nalgum preceito religioso. Não, o medo nunca foi caminho para o amor!

Quando os discípulos descobrem o medo, naquela passagem do mar tormentoso à outra margem (símbolo do grande desafio da Igreja, de ir mais além, “ao largo”, ao encontro dos diferentes, às periferias!), Jesus desperta. Dar ordens ao mar e ao vento é um símbolo da vitória sobre a morte, aquela que gera o maior medo. E o assombro dos discípulos remete-nos para a surpresa, para o desejo de conhecer ainda mais Jesus, e não fazermos da fé um amuleto ou uma alavanca. É o dinamismo da surpresa que ajuda a vencer o medo do futuro. Haverá sempre a tentação de ficar a olhar para trás, manter-se à margem a molhar os pézinhos, conservar o que se tem, controlar a criatividade. São modos “simpáticos” do medo nos dominar! Mas viver com Jesus é apostar mais no risco e na ousadia, no despojamento para adquirir um tesouro, na alegria de tudo trocar por uma pérola, na coragem de passar à outra margem.  

Ao começar o seu pontificado, o Papa que agora chamamos S. João Paulo II, fazia à Igreja e ao mundo um convite: “não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder!” Foi desta frase que me lembrei ao subir de novo à barca do evangelho de hoje. O homem que causa admiração aos discípulos é Deus connosco que continua a maravilhar. Com Ele vencemos os medos, e não haverá margem nenhuma da vida que nos seja estranha. O que nos prende ainda a barca ao cais?

 

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

Deus preocupa-se com os dramas dos homens? Onde está Ele nos momentos de sofrimento e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida? A liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a salvação.

  • A primeira leitura fala-nos de um Deus majestoso e omnipotente, que domina a natureza e que tem um plano perfeito e estável para o mundo. O homem, na sua pequenez e finitude, nem sempre consegue entender a lógica dos planos de Deus; resta-lhe, no entanto, entregar-se nas mãos de Deus com humildade e com total confiança.
  • No Evangelho, Marcos propõe-nos uma catequese sobre a caminhada dos discípulos em missão no mundo… Marcos garante-nos que os discípulos nunca estão sozinhos a enfrentar as tempestades que todos os dias se levantam no mar da vida… Os discípulos nada têm a temer, porque Cristo vai com eles, ajudando-os a vencer a oposição das forças que se opõe à vida e à salvação dos homens.
  • A segunda leitura garante-nos que o nosso Deus não é um Deus indiferente, que deixa os homens abandonados à sua sorte. A vinda de Jesus ao mundo para nos libertar do egoísmo que escraviza e para nos propor a liberdade do amor mostra que o nosso Deus é um Deus interveniente, que nos ama e que quer ensinar-nos o caminho da vida.

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