30º Domingo do Tempo Comum - Ano B

24-10-2021 08:18

 

"Mestre, que eu veja".

Jesus disse-lhe: "Vai: a tuaa fé te salvou"." Mc 10, 51

 

 

Hoje em dia, vemos tudo a uma velocidade imensa. Das 24 imagens por segundo com que a televisão nos bombardeia aos écrans de telemóveis e tablets, parecemos perdidos na abundância das imagens. Numerosos especialistas alertam para os problemas precoces da visão, nomeadamente em crianças e adolescentes, apontando o número assustador de 50% da população mundial com problemas de miopia em 2050.

Um dos sinais do Messias era a cura dos cegos. Jesus denuncia uma cegueira ainda mais comum: aquela que não deixa ver as maravilhas de Deus, que não se compadece diante do mal do mundo e compromete à mudança, que não deixa reconhecer no outro um irmão. Como dizia aquele mestre oriental: “Enquanto não vires no rosto de um desconhecido, o rosto de um irmão teu, para ti continuará a ser noite!” Há a cegueira de quem faz o mal e a de quem o deixa fazer, há a cegueira de quem só vê o dinheiro e a de quem desespera por aquilo que não tem, há a cegueira de quem se julga perfeito e a de quem deixa de ter esperança. Entre espectadores e participantes do mundo, é hoje mais fácil ver o que está longe do que aquilo que está perto. Porque os olhos andam ligados ao coração e este bate mais forte quando se pode exprimir em gestos luminosos!

O cego de Jericó estava sentado à beira do caminho. A vida passava por ele, mas nada se passava dentro de si. Não podia ver a luz do dia nem saborear as alegrias da própria existência. Até que ouve falar de Jesus. E começa a gritar. Por duas vezes. Longe de Deus e da comunidade, grita com fé e com esperança. Pede a Jesus que olhe para ele e lhe faça graça. Jesus ao curar Bartimeu, o cego que não desiste de gritar por Ele, aponta-nos para o olhar mais profundo da fé. O olhar para além da cor dos olhos, aquele de que são feitos os sonhos e tudo o que é verdadeiramente belo como o amor e os amigos. O olhar que também está nos dedos e nas palavras, na boca e na pele. O olhar que bebemos ao mergulhar nos olhos de Cristo e começamos a segui-l’O.

Não podemos calar o que vimos e ouvimos” (Act 4, 20) é a frase escolhida para este Dia Mundial das Missões. Podia ter saído da boca do cego Bartimeu, e da de todos os que passaram a ver como Jesus e com Jesus. Coincidindo com o início do caminho sinodal, proposto pelo Papa Francisco a todas as dioceses do mundo, ganha uma profundidade maior. O silêncio diante do bem e do mal é sempre a pior opção. É preciso a coragem de gritar e de escutar os gritos, de ir à verdade do que vivemos e do que o Evangelho nos desafia a viver. A comunhão, a participação e a missão não é só de alguns para alguns, mas de todos e para todos. E isso significa ver, ouvir e falar de tudo, com humildade e esperança. Teremos a coragem de dar o mesmo salto em direcção a Jesus, como o de Bartimeu, abandonando a capa da sua condição de cego e pedinte? Ver levar-nos-á a seguir?

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia do 30° Domingo do Tempo Comum fala-nos da preocupação de Deus em que o homem alcance a vida verdadeira e aponta o caminho que é preciso seguir para atingir essa meta. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, o homem chega à vida plena, aderindo a Jesus e acolhendo a proposta de salvação que Ele nos veio apresentar.

  • A primeira leitura afirma que, mesmo nos momentos mais dramáticos da caminhada histórica de Israel, quando o Povo parecia privado definitivamente de luz e de liberdade, Deus estava lá, preocupando-se em libertar o seu Povo e em conduzi-lo pela mão, com amor de pai, ao encontro da liberdade e da vida plena.
  • A segunda leitura apresenta Jesus como o sumo-sacerdote que o Pai chamou e enviou ao mundo a fim de conduzir os homens à comunhão com Deus. Com esta apresentação, o autor deste texto sugere, antes de mais, o amor de Deus pelo seu Povo; e, em segundo lugar, pede aos crentes que "acreditem" em Jesus - isto é, que escutem atentamente as propostas que Ele veio fazer, que as acolham no coração e que as transformem em gestos concretos de vida.
  • No Evangelho, o catequista Marcos propõe-nos o caminho de Deus para libertar o homem das trevas e para o fazer nascer para a luz. Como Bartimeu, o cego, os crentes são convidados a acolher a proposta que Jesus lhes veio trazer, a deixar decididamente a vida velha e a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida. Dessa forma, garante-nos Marcos, poderemos passar da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Grupo Dinamizador
Pe. Joaquim Garrido - Pe. Manuel Barbosa - Pe. Ornelas Carvalho

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Pe. Vitor Gonçalves

Rádio Renascença