3º Domingo do Tempo do Advento - Ciclo C

12-12-2021 08:31

Odres Nuevos III Domingo de Adviento 2021

"As multidões perguntavam a João Baptista:

'Que devemos fazer?'" Lc 3, 10

 

Com tantos apelos à “festa contínua” dos programas televisivos, das luzes bruxuleantes das ruas, dos brilhos tentadores do consumo, nestes dias de Advento e Natal quem não ouviu já alguém dizer, com dor e vergonha, por vezes, que o Natal os põe tristes? E com olhos humanos entendo-os bem. Este tempo de ternura e família torna mais aguda a saudade dos que partiram, a solidão dos que vivem sozinhos, a precariedade dos que passam necessidades. É certo que o olhar cristão nos remete para a loucura de um Deus que se fez bebé, que entrou no mundo pela porta da pobreza e estendeu os seus pequenos bracitos a todos. Se no Natal descobrimos que Deus nos ama e podemos amá-l’O, podemos descobrir como amar-nos uns aos outros. Se o Natal nos fizesse um pouco mais crianças, não andaríamos mais de mãos dadas com a alegria? 

A alegria não é quantificável pela economia, mas aponta para realidades mais profundas. Realidades como a liberdade interior, a paz de espírito, o gosto pelos outros e pela vida, a comunhão recíproca, a coragem da fé. S. Paulo confirma-a como um dos frutos do Espírito Santo. É dom de Deus que está inscrito na nossa identidade mais profunda. E não será também uma escolha que fazemos, bem antes de esperar os seus frutos? Dizia Tagore: “o maior dos pecados é opor-se à alegria, à vida que Deus nos deu, à nossa alma”. Não é de estranhar, portanto, que a tristeza tenha chegado a fazer parte da lista dos pecados capitais!

Nas palavras de João Baptista alegria é gratuidade e partilha, justiça e honestidade, paz e simplicidade. Ele que saltou de alegria no seio de Isabel quando Maria chegou de visita, continua a dizer que é preciso preparar a sua vinda. Porque ainda não nos assombrámos suficientemente com a maravilha de Deus ter nascido menino! Essa loucura de Deus ser o Senhor dos Céus que podemos adorar, e também o Menino de Belém que é fácil amar, porque nos revela o melhor que Deus é: capaz de fazer-se pequeno para que todos o possam amar e conhecer o seu amor. O pensador espanhol Ortega y Gasset escreveu que “se verdadeiramente Deus se fez homem, ser homem é a coisa mais importante que existe.” 

Conhecemos a fonte da alegria do Natal: é Deus nascido menino, a repetir-nos quanto Ele ama a humanidade e quanto confia em nós. Não sei se nos damos verdadeiramente conta do que isto significa para a vida de todos. Como dizia Gandhi: “Enquanto continuarmos a chamar paz à fome insaciada de muitos e enquanto não tivermos arrancado do nosso mundo a violência, Cristo não terá acabado de nascer.” A opção da alegria faz-nos capazes de acolher o Deus connosco em todos os irmãos!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.

  • O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “baptizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
  • A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho connosco.
  • A segunda leitura insiste nas atitudes correctas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
 
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho 
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org
 
 
Rádio Renascença
Pe. Vitor Gonçalves