27º Domingo do Tempo Comum - Ano A

08-10-2023 08:11

“Quando vier o dono da vinha que fará àqueles vinhateiros?” Mt 21, 40

 

Todo o esforço que não produz o seu fruto é motivo para algum desalento. Acontece na natureza quando, pelo trabalho, se procura semear ou moldar a matéria, em resposta à vocação inicial de continuar a criação, e acontece nas pessoas, sempre que investimos um pouco mais de humanidade. E quando se está convicto do melhor caminho e do objectivo a alcançar, custa tudo ser tão lento. Aí é fundamental instaurar a virtude da persistência e a ousadia da criatividade.

A sede de poder ofusca demasiadas vezes quem o alcança. E não só o poder dos governantes, mas de quem ganha a capacidade de dominar situações e pessoas esquecendo-se que tantas vezes o seu posto é, acima de tudo, um serviço. Acontece por todo o lado e as comunidades cristãs não estão isentas deste “vírus” que mina a própria missão evangelizadora. Talvez tenham chegado por desejo de servir, mas a instalação, a inércia, a perda de fé e o orgulho pessoal podem abafar o espírito inicial. E por mais que se fale da importância do acolhimento, do rosto afável e amável da comunidade, da compreensão e serenidade que é preciso ter, tantas vezes se sente em lugares-chave da Igreja um ar de “vinhateiros homicidas”! Porque é fácil matar a frescura do Evangelho com a aridez do coração.

O vinho, no contexto bíblico, é sinal de festa. É o inesperado a romper a rotina, o surpreendente a fazer das suas, a alegria a transbordar os limites. É o não-necessário a dar sabor à vida. E, talvez por isso mesmo, tantas referências ao vinho e à vinha nas palavras dos profetas e nas parábolas de Jesus. A revelação parece acentuar mais a festa, a alegria e as surpresas de Deus e menos a lógica, a “estrutura” o “certinho”, talvez eficiente, mas sem graça! A vinha pode ser a nossa vida e o que fazemos dela. Talvez o mundo e o nosso lugar nele. É certamente a Igreja como comunidade a crescer e a abraçar cada vez mais a humanidade. E se a parábola deste Domingo é para os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo “enfiarem a carapuça”, que dizer de tantas vezes em que nós “matamos” ou ofuscamos a graça e a alegria que o Filho nos traz? Que este Sínodo dos Bispos, em caminho sinodal até outubro de 2024, seja vinha aberta com os frutos que Deus dá para serem dados generosamente a todos!

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

 

A liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da "vinha de Deus" para falar desse Povo que aceita o desafio do amor de Deus e que se coloca ao serviço de Deus. Desse Povo, Deus exige frutos de amor, de paz, de justiça, de bondade e de misericórdia.

  • Na primeira leitura, o profeta Isaías dá conta do amor e da solicitude de Deus pela sua "vinha". Esse amor e essa solicitude não podem, no entanto, ter como contrapartida frutos de egoísmo e de injustiça... O Povo de Jahwéh tem de deixar-se transformar pelo amor sempre fiel de Deus e produzir os frutos bons que Deus aprecia - a justiça, o direito, o respeito pelos mandamentos, a fidelidade à Aliança.
  • No Evangelho, Jesus retoma a imagem da "vinha". Critica fortemente os líderes judaicos que se apropriaram em benefício próprio da "vinha de Deus" e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a "vinha" vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.
  • Na segunda leitura, Paulo exorta os cristãos da cidade grega de Filipos - e todos os que fazem parte da "vinha de Deus" - a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os frutos que Deus espera da sua "vinha".

 

Grupo Dinamizador:

P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho 

portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.org

 

 

Rádio Renascença