17º Domingo do Tempo Comum - Ano C

24-07-2022 07:40

 

“Pai, santificado seja o vosso nome.” Lc 11, 2

 

Ensinar a rezar os mais pequeninos é das aventuras mais engraçadas que conheço. Contam-me os pais e avós de tantos, que mais do que ensinar, vão aprendendo o jeito simples que as crianças têm de se dirigir a Deus. Parece que, à medida que crescemos, também a nossa oração se vai tornando formal ou funcional (à maneira de algumas atitudes rotineiras). Como se a relação com Deus fosse burocrática, ou estivéssemos envergonhados por Lhe dedicarmos tão pouco tempo! 

“Rezo a correr”, “canso-me de estar sempre a pedir”, “não tenho tempo”, são algumas expressões comuns nesta aventura da oração. Claro que a oração tem de andar de mãos dadas com a vida e, talvez a nossa vida precise de pequenas mudanças qualitativas. Mas não vale a pena envergonharmo-nos por “pedir tanto” pois é Jesus quem nos diz para o fazermos. Pedir é abrirmo-nos, com a humildade de quem precisa, alargando ao infinito o horizonte do olhar e da esperança. E quem pede assim, recebe sempre. Não necessariamente o que pediu, mas o que o Pai dá!

Jesus é mestre de oração porque ela está unida com a sua vida. Rezar e respirar são “quase a mesma coisa” para o Senhor. Como se toda a vida pudesse ser oração. E, ainda assim, os evangelhos testemunham-nos esses “momentos íntimos”, roubados ao descanso ou às multidões, que Jesus tem com o Pai. É a sua identificação com a nossa humanidade, recolhendo a aparente fragmentação da vida, que a oração, como fio de colar, une o que anda disperso. 

São os “cinco minutos e três quartos” daquele meu amigo que diz não poder começar o dia sem este “bom dia ao Senhor”, ou a “pausa do café e do cigarro” (sem um nem outro) que alguém também usa para um momento de oração! Acima de tudo, dizem, é um tempo de deixar falar o coração. Sem grandes orações (Jesus também só ensinou uma) nem aflições, é a fidelidade a este momento que produz os maiores frutos. É como o “alô” dos namorados, sem outro propósito senão o dizer “estou contigo e sei que estás comigo”! É aí que as crianças ganham aos adultos na transparência das suas orações.

Peguemos neste tempo de férias, pratiquemos a insistência que Jesus nos ensina, não desistamos de pedir aquilo que é importante, e retiremos certas “roupagens” da nossa oração para saborear de novo a espontaneidade das crianças.

Pe. Vitor Gonçalves

in Voz da Verdade

 

A liturgia deste domingo questiona-nos acerca da atitude que assumimos face aos bens deste mundo. Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens que dão verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.

  • No Evangelho, através da “parábola do rico insensato”, Jesus denuncia a falência de uma vida voltada apenas para os bens materiais: o homem que assim procede é um “louco”, que esqueceu aquilo que, verdadeiramente, dá sentido à existência.
  • Na primeira leitura, temos uma reflexão do “qohélet” sobre o sem sentido de uma vida voltada para o acumular bens… Embora a reflexão do “qohélet” não vá mais além, ela constitui um patamar para partirmos à descoberta de Deus e dos seus valores e para encontramos aí o sentido último da nossa existência.
  • A segunda leitura convida-nos à identificação com Cristo: isso significa deixarmos os “deuses” que nos escravizam e renascermos continuamente, até que em nós se manifeste o Homem Novo, que é “imagem de Deus”.
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Rádio Renascença